Em conferência de imprensa conjunta, a Federação Nacional de Educação (FNE) e a Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP) não adiantaram números exatos, mas referiram o fecho de centenas de escolas em todo o país devido à greve dos funcionários, apontando como exemplos o Algarve, onde quase uma centena de estabelecimentos encerrou, a cidade de Coimbra, onde apenas uma escola está aberta e os grandes centros urbanos de Lisboa, Porto e Setúbal, onde as maiores escolas também estão de portas fechadas.
"Esta é a maior greve de sempre de trabalhadores não docentes", disse João Dias da Silva, secretário-geral da FNE, sublinhando a "mobilização extraordinária" dos funcionários das escolas.
José Abraão, presidente da FESAP disse que “o sucesso da greve fica a dever-se ao cansaço dos trabalhadores”, mas também a “alguma insensibilidade do Governo”, acrescentando que a greve de hoje é “um apelo veemente” dos funcionários das escolas ao Governo e ao ministro da Educação para negociar.
“Não é o encerramento das escolas que é importante, não é isso que procuramos. Queremos que o Governo se sente à mesa das negociações”, disse Dias da Silva.
Essa é condição essencial para os sindicatos, que admitem nova greve se o Governo não ceder.
“Ou há um virar de página ou esta greve não será a última”, disse José Abraão, acrescentando que “os trabalhadores não vão desistir nem vão cruzar os braços” e que “o Governo não pode ignorar” o protesto de hoje e as causas que o motivaram.
Dias da Silva disse que os sindicatos estão “certos de que essa atitude do Governo [abertura de negociações] não vai deixar de existir”, mas reforçou que a FNE tem em curso uma petição pública que pretende fazer chegar à Assembleia da República “muito proximamente”, forçando também pela via parlamentar, e por força da recolha do número de assinaturas mínimo exigível, a discussão por via parlamentar da criação de uma careira para os trabalhadores não docentes, uma das exigências sindicais.
A propósito das declarações do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, na conferência de imprensa do Conselho de Ministros de quinta-feira, quando afirmou que os assistentes operacionais nas escolas são “tecnicamente em número adequado”, mas na prática insuficientes, face às “muitas baixas médicas”, Dias da Silva afirmou que “o que o ministro tentou dizer foi que a portaria está a ser cumprida”.
Para a FNE, no entanto, há um problema de base com o conteúdo da portaria que determina a afetação de funcionários às escolas.
“A portaria de rácios está muito desligada da realidade. É cega, não tem em conta a realidade das escolas. Os rácios estão mal determinados. O número de funcionários é claramente insuficiente. Não é só por causa das baixas médicas que as escolas estão com dificuldades”, disse Dias da Silva, acrescentando que mesmo em dias que não há greve há bibliotecas escolares fechadas e recreios sem vigilância suficiente por falta de auxiliares.
Os funcionários das escolas fazem hoje greve para exigir, entre outros aspetos, a negociação da criação de uma carreira especial, mas também mais recursos humanos nas escolas, com os sindicatos a estimarem uma carência de, no mínimo, 2.000 auxiliares.
Os sindicatos que convocaram a paralisação – FNE, FESAP Federação Nacional dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS) – estimaram durante a manhã uma adesão à greve entre os 85% e os 90%, motivando o encerramento de centenas de escolas em todo o país.
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