Frente ao hospital de São José, em Lisboa, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Jorge Roque da Cunha, sublinhou a "forte adesão" destes profissionais, a qual espelha "o descontentamento" da classe.
Sem avançar com percentagens específicas de adesão a esta greve, o sindicalista disse que são "muitos" os hospitais com salas fechadas, em alguns casos na totalidade, como no caso de São José, disse.
Também nas consultas a adesão deverá ser superior a 70%.
Jorge Roque da Cunha voltou a lembrar que os médicos apenas pretendem que o ministério os deixe trabalhar mais, colocando no topo das reivindicações a devolução do que foi retirado a esta classe aquando do programa de ajustamento da ‘troika’ em Portugal.
O médico referiu que, entre as unidades de saúde com salas fechadas devido à greve, contam-se o Hospital de São José, o Curry Cabral, em Lisboa, mas também o São João (Porto), em Matosinhos e o Universitário de Coimbra.
“Em termos hospitalares e blocos há uma expressão maior desta greve, sinal claro que os médicos estão descontentes e exigem do ministro da Saúde mais seriedade negocial”, lamentando a ausência de “qualquer contraproposta” da parte da tutela.
Aos doentes afetados pela greve, Jorge Roque da Cunha dirigiu-lhes uma palavra de conforto, nomeadamente “os que vêm de longe”, sublinhando que as consultas serão depois remarcadas.
Guida da Ponte, da comissão executiva da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), adiantou mais alguns dados da adesão à greve que se situa entre os 75 a 100% na maior parte das consultas externas nos hospitais e em 100% em vários blocos.
Para a dirigente sindical, esta greve é diferente na adesão expressa, a qual é “bastante sugestiva” do tempo que se vive e do “descontentamento” da classe.
“O ministro da Saúde terá de refletir sobre o que leva os médicos a uma greve maciça”, disse, lamentando que a tutela esteja há dois meses sem contactar os sindicatos.
Apesar de garantir que o Ministério da Saúde “pode contar” com estas estruturas sindicais, Jorge Roque da Cunha não descarta novas e mais duras formas de luta.
“Apesar da pouca seriedade negocial pelo Ministério da Saúde e do Ministério das Finanças, estamos a crer que mudarão de atitude depois de verem os dados da adesão de hoje”, disse.
O médico deixou, contudo, um aviso: “Caso isso não aconteça, infelizmente teremos de endurecer as formas de luta”.
“Custa-nos fazer a greve, mas esperemos que ele [o ministro da Saúde] perceba que esta perturbação a ele será alocada”, adiantou.
Os médicos de todo o país estão desde as 00:00 de hoje em greve, um dia de paralisação nacional que se segue a greves regionais nas últimas semanas.
A greve é marcada pelos dois sindicatos médicos, que se dizem “empurrados para o mais forte grito de protesto”, depois de um ano de “reuniões infrutíferas no Ministério da Saúde”.
Num comunicado divulgado pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM), os sindicalistas consideram que o ministro da saúde “não foi sensível aos problemas” dos profissionais nem aos problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Os sindicatos pretendem uma redução das listas de utentes por médicos de família e uma redução de 18 para 12 horas semanais no serviço de urgência.
É ainda reclamada uma reformulação dos incentivos à fixação em zonas carenciadas, uma revisão da carreira médica e respetivas grelhas salariais e a diminuição da idade da reforma para os médicos, entre outras medidas.
A greve nacional de médicos, decretada pelo SIM e pela FNAM, deve afetar consultas e cirurgias programadas, mas estão assegurados os serviços mínimos, como urgências, quimioterapia, radioterapia, transplante, diálise, imuno-hemoterapia ou cuidados paliativos em internamento.
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