Entre os serviços mínimos a cumprir durante a paralisação estão também a imunohemoterapia, cuidados paliativos em internamento, dispensa de medicamentos para uso hospitalar e punção folicular na procriação medicamente assistida.
Numa carta aberta aos cidadãos, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), um dos dois que convocaram a greve, explica que a paralisação é uma “forma de protesto contra a degradação do trabalho e do Serviço Nacional de Saúde”.
No documento, o sindicato garante que “serão escrupulosamente cumpridos os serviços mínimos, os mesmos que são disponibilizados nas 24 horas de domingos e feriados”, com a greve a afetar o trabalho normal e o trabalho suplementar.
Afetadas serão, assim, as consultas e cirurgias programadas, mas os sindicatos dizem que não é possível estimar de forma fidedigna quantos atos serão adiados por causa da paralisação.
A greve, que começa às 00:00 de quarta-feira e termina às 24:00 de quinta-feira, foi convocada pelos dois sindicatos médicos — SIM e Federação Nacional dos Médicos, sendo apoiada explicitamente pela Ordem dos Médicos e pelas outras associações médicas setoriais.
Numa tentativa de se antecipar ao que preveem que sejam tentativas governamentais de descredibilizar os profissionais de saúde, os sindicatos tentam, numa carta aberta aos cidadãos, “desmentir as esperadas calúnias”.
Alegam que não são uma classe privilegiada, sublinhando que “a maioria dos médicos nos hospitais” ganha menos de 2.000 euros líquidos.
“Claro que há quem ganhe mais. À custa de trabalho em serviço de urgência, de 24 horas seguidas de trabalho, fazendo perigar a sua saúde, a sua estabilidade familiar e, mais grave, o atendimento correto que os doentes merecem; ou também à custa de um múltiplo emprego”, escreve o SIM.
É ainda desmentido que os médicos sejam os que mais ganham na Função Pública, com os sindicatos a recordarem que um clínico só no fim da sua vida ativa pode aspirar a ganhar o que um juiz ou magistrado recebe ao fim de sete anos de exercício num tribunal ou comarca de primeira instância.
“Um médico nunca chegará ao vencimento de um professor universitário”, acrescenta o sindicato.
Outro dos pontos que os sindicalistas pretendem esclarecer é a coincidência de datas com a comemoração do centenário das “aparições” de Fátima, uma vez que a greve decorre até um dia antes da chegada a Portugal do papa Francisco.
“A visita do papa está prevista apenas para o fim da tarde do dia 12. O anúncio da tolerância de ponto é da total responsabilidade do Governo, que já sabia, semanas antes, das datas marcadas para a greve nacional” dos médicos, argumentam os sindicalistas.
Entre as razões que levaram à greve convocada pelos dois sindicatos estão a exigência de redução do número de horas máxima de urgências, a reposição integral do pagamento das horas extraordinárias e a redução do número de utentes por médico de família.
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