A Comissão de Trabalhadores (CT) da Groundforce e os sindicatos estiveram, na segunda-feira, reunidos com o presidente executivo da empresa de ‘handling’ (assistência em aeroportos), Paulo Leite, e com o diretor de Recursos Humanos, Eric Teixeira, onde lhes foi comunicado que os salários “estarão assegurados em abril, com alguma ‘ginástica'”, de acordo com um comunicado enviado pela CT.

“O prejuízo da empresa no ano de 2020 foi de 20 milhões de euros, estimando-se para 2021 um prejuízo de 15 milhões de euros (previsão muito condicionada por fatores como a retoma, vacinação, eventuais novas vagas, etc.)”, refere a mesma nota, acrescentando que ” a empresa continua empenhada em obter o financiamento de 30 milhões de euros, de forma a poder encarar o futuro próximo com estabilidade”.

Os representantes dos trabalhadores foram também informados de que a empresa se manterá no mecanismo de apoio à retoma em abril, enquadrando-se ainda no patamar mais elevado deste apoio, por ter uma quebra de atividade superior a 75%.

De acordo com um comunicado conjunto dos sindicatos, vão manter-se, assim, cerca de 400 trabalhadores com redução de horário a 100% e mais de 600 com reduções superiores a 50%.

No entanto, segundo foi dito à CT, a empresa prevê um acréscimo de atividade em maio, estando programada pelas companhias aéreas, nomeadamente pelo maior cliente, a TAP, um crescimento gradual da sua operação ao longo dos meses, estimando-se, em julho, operar 67% dos voos realizados no mesmo mês de 2019.

Relativamente ao adicional à compensação retributiva – pago a 100% pela Segurança Social até três salários mínimos nacionais — as estruturas ficaram a saber que o apoio ainda não será pago este mês, uma vez que a Segurança Social apenas transferiu o valor nos últimos dias e foram identificadas “inúmeras discrepâncias que estão a ser corrigidas para que no processamento de abril sejam pagos os adicionais devidos de janeiro, fevereiro e março”.

“Foram confirmados os valores vindos a público relativamente ao aluguer dos equipamentos, o que nos deixa uma preocupação enorme, pois se a empresa atravessa enormes dificuldades financeiras, pagar uma renda mensal de quase 600 mil euros, apenas agrava essas dificuldades”, defendeu aquela estrutura.

Por forma a conseguir pagar os salários que tinha em atraso e as necessidades de tesouraria mais prementes, a SPdH (Serviços Portugueses de Handling, comercialmente designada Groundforce Portugal) e a TAP assinaram, em 19 de março, um acordo que prevê a compra dos equipamentos da empresa de ‘handling’ por sete milhões de euros.

Sendo que não pode trabalhar sem os equipamentos, a Groundforce passa a ter de os alugar à TAP, que está a exigir 461.762 euros mensais.

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, afirmou, na semana passada, no parlamento, que é necessário encontrar uma “solução estrutural” para a Groundforce, cuja situação financeira foi prejudicada pela pandemia de covid-19 e as medidas restritivas à circulação aérea, admitindo, porém, que a questão “não é fácil”.

A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português e que é acionista minoritário e principal cliente da empresa que presta assistência nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto Santo.