“Pedimos aos nossos governos que aumentem os impostos cobrados a pessoas como nós. Imediatamente. Substancialmente. Permanentemente”. É esta a mensagem que os 83 milionários que compõem o grupo "Millionaires for Humanity" querem passar, através de uma carta por eles assinada e hoje divulgada.

"À medida que a covid-19 atinge o mundo, milionários como nós têm um papel fundamental em curar o mundo", começa a missiva, assinada por personalidades como o co-fundador da marca de gelados Ben and Jerry's, Jerry Greenfield, a herdeira do império Disney, Abigail Disney, ou Richard Curtis, argumentista responsável por guiões de filmes como "Notting Hill" e "O Diário de Bridget Jones".

A carta aberta é difundida antes da reunião dos ministros das Finanças do G20 e da cimeira extraordinária para o relançamento económico da União Europeia, esta semana.

"Não somos nós que tratamos das doenças nas unidades de cuidados intensivos. Não somos nós que conduzimos as ambulâncias que transportam os doentes aos hospitais. Não somos nós que trabalhamos no abastecimento dos supermercados ou que entregamos comida de porta em porta", escreve o grupo.

Até ao momento os subscritores que constam da lista no portal do grupo na Internet são maioritariamente norte-americanos e britânico. Não consta na lista qualquer nome português.

"Nós temos muito dinheiro. O mundo precisa de dinheiro agora e nos próximos anos" para enfrentar a crise cujo impacto "vai durar dezenas de anos" e que pode "atirar milhões para situações de pobreza", afirmam na carta aberta.

"Os problemas causados pela pandemia de covid-19 não podem ser resolvidos com caridade. Os chefes de governo devem assumir a responsabilidade de arrecadar os fundos e gastá-los de maneira justa" para o financiamento adequado dos sistemas de saúde, as escolas, e garantir a segurança, afirmam os 83 milionários de todo o mundo.

Os subscritores frisam que deve ser implementado um aumento de taxas, de forma permanente sobre as maiores fortunas do planeta. "Gente como nós", referem.

A epidemia global de covid-19 pode vir a provocar uma recessão histórica em todo o mundo, obrigando os governos a dispensar elevadas quantidade de capital em ajuda a empresas atingidas pela paralisação da economia provocada pelo confinamento.

De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o Produto Interno Bruto (PIB) mundial vai sofrer uma quebra de 06% em 2020 e 7,6% no caso de se verificar uma segunda vaga epidémica.

No passado, milionários como Warren Buffet e Bill Gates já sugeriram tributações especiais aos mais ricos do mundo.

Em 2019, um pequeno grupo de milionários norte-americanos e empresários, tais como George Soros e o cofundador da plataforma digital Facebook, Chris Hughes, assim como os herdeiros da Disney e da cadeia Hyatt, entre outros, publicaram um documento em que apoiam uma proposta semelhante sobre taxas aos mais ricos.