“O que estamos a fazer é a pedir a colaboração das equipas de enfermagem que já trabalham no Grupo neste processo de recrutamento”, escreveu o grupo que gere a parceria público-privada do Hospital Beatriz Ângelo numa nota enviada à Lusa.
Na quarta-feira, a Lusa noticiou que este hospital estaria a oferecer vales de compras a título de incentivos a prestadores de saúde, medida que “indignou” o Bloco de Esquerda (BE) e ordens profissionais.
Segundo a Luz Saúde, este incentivo foi de facto criado e os vales estão a ser dados aos enfermeiros que se disponham a ser embaixadores dos hospitais do grupo, promovendo-os junto de outros profissionais.
A campanha interna é um dos mecanismos que o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, na Área Metropolitana de Lisboa, está a implementar para o recrutamento de enfermeiros, além de anúncios diretos e públicos.
A ideia, acrescenta o grupo, “não é original, pois já foi utilizada por outros operadores privados da Saúde em Portugal e até pelo próprio Serviço Nacional de Saúde britânico”.
O BE questionou na quarta-feira o Governo sobre o tema, afirmando que “estes incentivos, que vão dos 100 aos 250 euros em vales de compras”, se destinam a “quem consiga angariar outros profissionais para Unidades de Cuidados Intensivos, Enfermarias e Bloco Operatório”.
De acordo com o partido, que considerou a situação indigna e insultuosa, “os profissionais de saúde desempenham um trabalho fundamental na sociedade (principalmente em tempo de pandemia) e devem ser remunerados condignamente por esse mesmo trabalho através de uma carreira e de uma tabela salarial justas”.
Em resposta, a Luz Saúde esclarece que os profissionais contratados neste âmbito terão acesso às mesmas condições de trabalho que os enfermeiros do grupo já têm, com contratos sem termo, compensações salariais e outros benefícios.
O BE enviou, além da pergunta à Assembleia da República, um pedido de esclarecimento ao Ministério da Saúde, no qual defende que a tutela “deverá intervir face aos vários casos de precarização laboral”, exigindo saber “se o Governo irá combater a precariedade associada à covid-19, começando por transformar em permanentes todos os contratos de quatro meses para o SNS”.
Questionado pela Lusa, o ministério da Saúde informou ter encaminhado as perguntas para os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.
Além do grupo Luz Saúde, também a Linha SNS24 está a entregar “um prémio temporário, associado ao período da pandemia, mas que muito se justifica neste período de grande esforço e dedicação por parte de todos”, de acordo com um ‘e-mail’ a que a Lusa teve acesso.
A tabela associada ao ‘email’ aponta para prémios aos enfermeiros que fizerem mais de 40 horas semanais, sendo que os vales, com valores que variam entre os 25 aos 100 euros, são para gastar na cadeia Pingo Doce.
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