"Anuncio o meu regresso ao país. Convoco o povo venezuelano a concentrar-se, em todo o país, amanhã às 11h00 [15h00, em Lisboa]", escreveu Guaidó na sua conta do Twitter, sem dar detalhes sobre o seu regresso.
O presidente do Parlamento venezuelano, reconhecido por mais de 50 países como presidente interino, anunciou numa outra mensagem que fará um balanço da sua viagem e anunciará as "próximas ações" às 20h30 (00h30, em Lisboa), através das redes sociais.
Guaidó partiu este domingo de Salinas, no Equador, onde, no sábado, se reuniu com o presidente Lenín Moreno, bem como com migrantes e refugiados venezuelanos.
O regresso de Guaidó, que numa semana também visitou a Colômbia, o Brasil, o Paraguai e a Argentina, representa um desafio para o presidente Nicolás Maduro, que deve decidir se vai prendê-lo e provocar uma forte reação internacional, ou deixá-lo entrar no país, colocando em causa a autoridade do poder judicial.
"O desafio chegou longe demais. Se entrar e o prenderem, vão gerar fortes reações internas e internacionais. Maduro está em risco permanente", assegurou à agência noticiosa France-Presse o analista político Luís Salamanca.
Ainda não está claro a partir de que país que Guaidó entrará na Venezuela; se o fará pelo aeroporto internacional Simón Bolívar, ou furtivamente como quando saiu, segundo ele, ajudado por militares venezuelanos na fronteira com a Colômbia.
Guaidó saiu da Venezuela a 22 de fevereiro para assistir a um concerto na fronteiriça cidade colombiana de Cúcuta de apoio à sua oposição a Maduro e para defender a entrada de ajuda humanitária, tendo depois começado a sua viagem pela região.
O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e a Procuradoria-Geral, aliados do Governo, abriram investigações contra Guaidó por "usurpação" de funções e ditaram, além do impedimento de saída, o congelamento dos seus bens.
A crise política na Venezuela agravou-se a 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um Governo de transição e organizar eleições livres. A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceu Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
No último fim de semana, agravou-se a situação junto à fronteira com a Colômbia e com o Brasil, onde se registaram confrontos, que provocaram pelo menos quatro mortos, com as autoridades venezuelanas a impedirem a entrada de ajuda humanitária no país.
Na Venezuela vivem cerca de 300 mil portugueses ou lusodescendentes.
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