“Tendo em conta a atual situação de pandemia decretada pela OMS e o estado de emergência que se vive em Portugal, por causa da Covid-19, o Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian aprovou a criação de um fundo de emergência, num montante inicial de 5 milhões de euros, que pretende contribuir para reforçar a resiliência da sociedade nos principais domínios de intervenção da Fundação”, anunciou em comunicado.

A Fundação sublinha, contudo, que este fundo está aberto a contribuições de outros doadores. Em curso estão projetos com instituições e estruturas de investigação, em Portugal e no estrangeiro, e com os ministérios da Educação, no apoio a estudantes carenciados, e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, no apoio a idosos, entre outros projetos e entidades.

São também considerados "artistas ou entidades de produção artística que viram os seus projetos cancelados".

“Num momento de excecional gravidade, a Fundação Calouste Gulbenkian, fazendo jus à sua missão, reforça a sua atividade num contributo para combater uma pandemia que põe em causa a sociedade como sempre a conhecemos”, afirma Isabel Mota, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian.

Na área da saúde, o fundo de emergência destina-se a reforçar a primeira linha de defesa do combate ao vírus, contribuindo para colmatar a falta de material de proteção e equipamento médico.

Outra linha de intervenção é a da deteção e diagnóstico de casos, promovendo ativamente a sua identificação, para “reforçar a estratégia de contenção e preparar o retorno à vida social”.

Ainda na área da saúde, a FCG quer apoiar soluções de base tecnológica de desenvolvimento rápido – como plataformas e apps -, dirigidas à população, que ajudem a lidar com o isolamento, a partilhar informação fidedigna e a gerir corretamente a sintomatologia e a doença.

Relativamente à área da ciência, o fundo tem como objetivo reforçar o financiamento do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) - que dispõe de plataformas tecnológicas e competências científicas na área da imunologia, genómica, virologia e relação micróbio-hospedeiro -, para aumentar o conhecimento científico relativo à COVID-19.

Deste modo, pretende-se identificar os “fatores de risco dos indivíduos mais vulneráveis”, compreender a “resposta imunitária ao vírus” (o que poderá levar à aceleração da produção de uma vacina), e identificar possíveis vulnerabilidades do vírus, em particular na sua interação com o ser humano.

De acordo com a FCG, esta iniciativa será aberta e coordenada com outras instituições e estruturas de investigação em Portugal e no estrangeiro.

“O IGC, juntamente com outras instituições na área de Lisboa, está a desenvolver novos métodos de diagnóstico para produção e implementação em massa, tendo em conta que o diagnóstico é a ferramenta mais forte que temos neste momento contra o COVID19”, salienta a fundação.

No que respeita à sociedade civil, é lançado o projeto “Gulbenkian Cuida”, destinado a organizações que prestam apoio a idosos, um dos grupos de maior risco, em parceria com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS).

Desta forma, pretende-se “reforçar a capacidade de resposta destas organizações a esta faixa da população, designadamente no apoio domiciliário”.

O fundo vai também apoiar outras organizações, com projetos atualmente financiados pela Fundação, de forma a que consigam sobreviver e “conservar os seus colaboradores com maior grau de precariedade durante este período de crise”.

Na área da educação, o fundo destina-se a ajudar os estudantes carenciados, permitindo-lhes ter acesso ao ensino à distância durante o encerramento das escolas.

“O projeto será desenvolvido em parceria com o Ministério da Educação e prevê apoio através de meios digitais e conectividade para alunos com dificuldades económicas que comprovadamente não tenham internet em casa para aceder a conteúdos e aulas online”, afirma a FCG.

Serão ainda reforçadas as “Bolsas Mais”, destinadas a estudantes com menos recursos financeiros que se candidatam pela primeira vez à universidade, com média de entrada superior a 18 valores.

O setor cultural e artístico terá um “apoio de emergência a artistas ou entidades de produção artística que viram os seus projetos cancelados, nas áreas em que a Fundação habitualmente atribui apoios”.

Este apoio assumirá a forma de uma reposição parcial dos rendimentos perdidos, contribuindo para fazer face a despesas de subsistência.

Além disso, será permitido manter e flexibilizar os apoios à criação já concedidos ou em processo de aprovação, “permitindo a sua redefinição e ‘recalendarização’, de modo a garantir a permanência das estruturas de produção afetadas”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 341 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 15.100.

Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde.

Dos infetados, 201 estão internados, 47 dos quais em unidades de cuidados intensivos.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.