“É evidente que estamos a assistir a uma tendência de rearmamento a nível mundial, estamos a assistir não à redução, mas ao aumento das despesas militares. E esse é mais um fator que está a limitar a capacidade de apoiar financeiramente os países em desenvolvimento, e espero que esta moda possa terminar em breve”, afirmou António Guterres, questionado pela Lusa após reunir-se no Mindelo, ilha de São Vicente, com o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva.

Vários países têm anunciado aumentos nos gastos com as Forças Armadas na sequência da guerra na Ucrânia, provocada pela invasão da Rússia em fevereiro de 2022.

O Governo de Cabo Verde definiu a meta de eliminar até 2026 a pobreza extrema, que atinge cerca de 13% da população e mantém uma estrutura de Forças Armadas de reduzida dimensão, com o secretário-geral das Nações Unidas a apontar o país como um “exemplo” para África e para o mundo.

“O mais importante dos Objetivos Desenvolvimento Sustentável é a erradicação da pobreza. A redução da pobreza é uma questão central porque ela permeia todas as áreas da vida económica e da vida social. A erradicação da pobreza necessita de investimento em educação, necessita de investimento em saúde, necessita de investimento em trabalho. E o objetivo de Cabo Verde de anular a extrema pobreza em 2026 corresponde a uma visão estratégica para o desenvolvimento que é inteiramente coincidente com a visão da Agenda 2030 das Nações Unidas”, disse ainda António Guterres.

António Guterres iniciou hoje uma visita de três dias a Cabo Verde, no âmbito da Ocean Race, a maior regata do mundo que de 20 a 25 de janeiro faz escala na ilha cabo-verdiana de São Vicente, participando na segunda-feira, também no Mindelo, na Ocean Summit.

Ainda hoje, depois da reunião com o chefe do Governo cabo-verdiano, António Guterres participa ainda hoje no evento “Speaker Series”, com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.