Numa breve declaração à imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque, Guterres disse estar a acompanhar de perto os “acontecimentos dramáticos” em Israel e em Gaza, sublinhando que “jamais” esquecerá as imagens do ciclo acelerado de “violência e horror” registado nos últimos dias.
“Estou em contacto contínuo com os líderes da região, com foco imediato em diversas prioridades. (…) Estou preocupado com a recente troca de tiros ao longo da Linha Azul [uma demarcação negociada pela ONU que separa Israel do Líbano] e com os recentes ataques relatados no sul do Líbano”, disse.
“Apelo a todas as partes — e àqueles que têm influência sobre essas partes — para evitarem qualquer nova escalada e repercussões. Apelo à libertação imediata de todos os reféns israelitas detidos em Gaza. Os civis devem ser protegidos em todos os momentos. O direito humanitário internacional deve ser respeitado e defendido”, instou.
O líder da ONU informou que cerca de 220 mil palestinianos estão agora abrigados em 92 instalações da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) em Gaza, frisando que as “instalações da ONU e todos os hospitais, escolas e clínicas nunca devem ser visados” nos ataques.
Pelo menos 11 funcionários da UNRWA morreram nos últimos quatro dias nos bombardeamentos de Israel sobre a Faixa de Gaza, o enclave palestiniano sitiado e sujeito a um bloqueio total pelo Estado judaico desde o início da guerra com as milícias da Palestina.
A agência da ONU indicou num comunicado que, além dessas vítimas mortais, 30 estudantes da UNRWA – 17 meninas e 13 meninos – morreram como resultado de bombardeamentos indiscriminados, nos quais outros oito menores foram feridos.
Guterres disse hoje que o pessoal da ONU está a trabalhar sem parar para apoiar o povo de Gaza e lamentou que alguns desses trabalhadores “já tenham pago o preço final”, numa referência às mortes entre o pessoal das Nações Unidas.
O ex-primeiro-ministro português pediu ainda que produtos cruciais para salvar vidas — incluindo combustíveis, alimentos e água — sejam autorizados a entrar em Gaza.
“Precisamos agora de acesso humanitário rápido e desimpedido. (…) Não há tempo a perder. Cada momento conta”, frisou.
Guterres aproveitou ainda para agradecer ao Egito pelo “seu empenho construtivo” em facilitar o acesso humanitário através da passagem de Rafah e em disponibilizar o aeroporto de El Arish para assistência crítica.
O Hamas lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação “Tempestade al-Aqsa”, com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.
Em resposta ao ataque surpresa, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que baptizou como “Espadas de Ferro”.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está “em guerra” com o Hamas.
O conflito provocou mais de 1.200 mortos do lado israelita e 1.055 em Gaza desde sábado, segundo dados atualizados hoje de manhã pelas duas partes.
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