Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU para debater o impacto na promoção da paz da intolerância, incitação ao ódio, racismo e outras manifestações de extremismo, Guterres focou-se na questão do ódio, principalmente ‘online’, que “contribui para horríveis ciclos de violência que podem durar décadas”.

“Em todo o mundo, testemunhamos uma onda de xenofobia, racismo e intolerância, misoginia violenta, ódio antimuçulmano, antissemitismo virulento e ataques a comunidades cristãs minoritárias. Os movimentos neonazis de supremacia branca representam hoje a principal ameaça à segurança interna em vários países — e a que mais cresce”, disse.

Admitindo que este não é um problema recente, o líder da ONU frisou que a velocidade com que se propaga e o seu alcance são preocupantes, tecendo duras críticas às redes sociais, as quais acusou de “equipar os propagadores do ódio com um megafone global”.

“Hoje, nenhuma conspiração é ultrajante demais para encontrar um grande público; nenhuma falsidade absurda demais para alimentar um frenesim ‘online’. Afirmações não verificadas ou mentiras descaradas podem ganhar credibilidade instantânea, colocadas em pé de igualdade com factos e ciência. Eles são frequentemente adotados — e até promovidos — por líderes políticos”, sublinhou.

De acordo com o ex-primeiro-ministro português, os efeitos do ódio são “mortais”, dando como exemplo os ataques a uma mesquita em Christchurch, na Nova Zelândia ou a uma sinagoga em Pittsburgh e a uma igreja em Charleston, nos Estados Unidos, em que os perpetradores foram todos radicalizados ‘online’.

As próprias Nações Unidas não estão imunes a esta ameaça, defendeu Guterres, indicando que, no ano passado, uma sondagem com as forças de paz da ONU mostrou que 75% veem a desinformação como uma ameaça direta à sua segurança e proteção.