A mensagem de António Guterres surge no Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano, hoje assinalado, e na qual o líder da ONU refere que a data deve reafirmar a solidariedade internacional para com os palestinianos.

Segundo o secretário-geral das Nações Unidas, a resolução do conflito em curso entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, “deve começar com um cessar-fogo humanitário de longo prazo, acesso irrestrito à ajuda, libertação de todos os reféns, proteção de civis e o fim das violações do direito humanitário internacional”.

Mas a resolução deste conflito, mas também do clima de tensão vivido no Médio Oriente, deve ir além disto, segundo afirmou o ex-primeiro-ministro português.

“Já está mais do que na altura de avançar de forma determinada e irreversível para uma solução de dois Estados”, disse Guterres, citado na página ‘online’ do serviço ONU News.

O acordo, alegou, deve ter como base as resoluções das Nações Unidas e o Direito Internacional, e permitir que “Israel e Palestina vivam lado a lado em paz e segurança, com Jerusalém como capital de ambos os Estados”.

Sublinhando que a data hoje assinalada acontece “durante um dos capítulos mais sombrios da história do povo palestiniano”, Guterres lembrou que quase 1,7 milhões de pessoas foram obrigadas a deixar as suas casas e que a situação na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, também “corre o risco de explodir”.

O líder da ONU voltou a expressar condolências aos milhares de famílias que estão de luto, incluindo aos familiares dos funcionários das Nações Unidas mortos em Gaza, naquela que foi a maior perda de pessoal da história da organização, e reiterou a condenação aos ataques terroristas do Hamas de 07 de outubro.

No entanto, frisou, os atos do Hamas não podem justificar o “castigo coletivo do povo palestiniano”.

As Nações Unidas, garantiu ainda Guterres, reafirmam o compromisso para com o povo palestiniano de defender “os seus direitos inalienáveis e construir um futuro de paz, justiça, segurança e dignidade para todos”.

Recentemente, Guterres foi alvo de fortes críticas por parte de Israel após ter afirmado que o ataque do Hamas de 07 de outubro “não aconteceu do nada” e que o povo palestiniano “foi submetido a 56 anos de ocupação sufocante”.

O Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano é celebrado desde 1977, na sequência da resolução 181ª. sobre a Partilha da Palestina, adotada pela Assembleia-Geral da ONU em 1947.

A data será assinalada nos complexos da ONU em Genebra, Nairobi, Viena e Nova Iorque, sendo que nesta última cidade (na qual fica localizada a sede da organização) a organização da comemoração estará a cabo do Comité das Nações Unidas para o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestiniano e da Divisão de Direitos Palestinianos do Departamento de Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz.

Além disso, será lançada uma exposição designada “Palestina: Uma Terra com um Povo”, que conta a história palestiniana antes, durante e depois da ‘Nakba’, palavra árabe que designa o êxodo palestiniano de 1948, quando a crise teve início.

A exposição retrata, de acordo com a ONU, “experiências de deslocamento e desapropriação, de esperança de alcançar justiça e aspirações de vida em liberdade, estabilidade, dignidade e paz na terra natal”.

A atual guerra começou em 07 de outubro, quando o grupo islamita Hamas atacou de surpresa Israel, matando mais de 1.200 pessoas, segundo as autoridades israelitas. O grupo islamita palestiniano fez também mais de 200 reféns.

Em retaliação, Israel declarou guerra ao Hamas e passou a bombardear diariamente a Faixa de Gaza, além de bloquear a entrada de bens essenciais como água, combustível e medicamentos.

Com a mediação dos Estados Unidos, Qatar e Egito, as duas partes acordaram fazer uma trégua no conflito para permitir acesso a ajuda humanitária e troca de reféns e prisioneiros, que começou na sexta-feira e termina oficialmente hoje, após ter sido prolongada por mais dois dias.

Até ao início da trégua, os ataques do exército israelita na Faixa de Gaza tinham matado mais de 14 mil pessoas, segundo o Hamas.