“A situação no país continua profundamente preocupante, incluindo as enormes restrições impostas aos direitos de mulheres e meninas. A comunidade internacional não pode esquecer o povo do Afeganistão”, disse o português na terça-feira, na rede social X (antigo Twitter).

Horas antes, um porta-voz da ONU tinha apelado aos talibãs para que devolvam às mulheres e raparigas afegãs a dignidade e os direitos que lhes pertencem.

“O que temos visto são retrocessos quase semanais no Afeganistão nos últimos dois anos, que estão a afastar cada vez mais as mulheres e as raparigas do Afeganistão dos direitos humanos a que têm direito”, disse Farhan Haq.

O porta-voz insistiu na necessidade de uma frente unida da comunidade internacional e apelou “àqueles que têm influência” em Cabul para que a utilizem em benefício das mulheres e raparigas afegãs.

Também na terça-feira, o enviado da ONU para a Educação Global disse que as Nações Unidas vão apoiar escolas clandestinas para raparigas no Afeganistão e financiar educação ‘online’ para todas as meninas forçadas a abandonar o sistema educativo depois da primária.

De acordo com a agência de notícias Efe, o britânico Gordon Brown anunciou, numa conferência de imprensa virtual, que levou a questão da exclusão das mulheres das escolas no Afeganistão ao Tribunal Penal Internacional.

Os talibãs assinalaram na terça-feira o segundo aniversário da reconquista de Cabul, que lhes permitiu retomar o poder no Afeganistão 20 anos depois de terem sido depostos por forças internacionais, reivindicando conquistas em matéria de segurança.

Fundado no início da década de 1990, o movimento nacionalista sunita tinha governado o Afeganistão entre 1996 e 2001, quando foi derrubado por uma coligação liderada pelos Estados Unidos, após os atentados terroristas de 11 de setembro desse ano.

Os talibãs, que praticam uma interpretação estrita do Islão, reconquistaram Cabul em 15 de agosto de 2021, após uma ofensiva que levou ao colapso da administração patrocinada por uma força das Nações Unidas.

Apesar de promessas de mudança relativamente ao primeiro governo, a restauração do Emirado Islâmico do Afeganistão, nome oficial do regime, traduziu-se numa redução dos direitos, num agravamento da situação da população e num isolamento internacional do país.

Os estudos são impossíveis para as raparigas, que já não podem frequentar a universidade.

Nos últimos dois anos, as autoridades talibãs impuseram a sua interpretação austera do Islão, tendo as mulheres sofrido duramente ao abrigo de leis descritas pelas Nações Unidas como “apartheid de género”.