Em conferência de imprensa, o porta-voz da ONU Farhan Haq deixou claro que esse destacamento policial ainda não está ultimado, entre outras razões porque o Conselho de Segurança não se reuniu para tratar especificamente da questão e estabelecer “determinados padrões” que a força deve cumprir, nem sequer agendou uma sessão sobre o assunto.

Apesar da ausência de planeamento, Haq sublinhou “a urgência” dessa força policial, dada a situação de insegurança que se vive no país e, em particular, na capital, no populoso bairro de Cité Soleil, onde “as pessoas não podem percorrer as ruas sem medo da violência dos gangues”.

Até agora, a oferta mais clara para fazer parte da força policial multinacional foi apresentada pelo Quénia, cujo Governo se propôs contribuir com mil agentes — o que Guterres apreciou e agradeceu.

À oferta do país africano somaram-se as dos Governos das Bahamas — que contribuirá com 150 agentes — e da Jamaica, que não precisou o número.

No entanto, não parece ser suficiente, tendo o porta-voz repetido uma ideia já anteriormente transmitida: que o secretário-geral “encoraja os Estados-membros, em particular os da região, a apoiarem igualmente essa operação”.

Haq reiterou que a força policial “não será uma força das Nações Unidas” no sentido clássico das tropas de paz conhecidas como “capacetes azuis”, uma vez que as suas funções se limitarão a apoiar a polícia haitiana para impor a ordem, mas, em todo o caso, terá de ter a aprovação do Conselho de Segurança.

A última sessão daquele órgão dedicada ao Haiti, a 05 de julho, não augurou nada de positivo, com o representante da Rússia — país que dispõe de direito de veto — a não manifestar qualquer entusiasmo em relação à força internacional, afirmando: “A história demonstra que essas intervenções estrangeiras fizeram mais mal que bem ao Haiti”.