“Esta atribuição deve-se ao apoio que a cidade de Angra e a população da ilha [Terceira] deu à causa liberal”, adiantou, em declarações à Lusa, Paula Ferreira, guia turística.

Foi de Angra que partiu D. Pedro IV, com o seu exército, para o desembarque no Mindelo, que permitiu aos liberais tomar a cidade do Porto.

A 12 de janeiro de 1837, a Rainha D. Maria II reconheceu o papel da população de Angra na vitória do liberalismo, na guerra civil portuguesa, atribuindo a Grã-Cruz da Torre e Espada e o título de “Sempre Constante” à cidade, por carta régia, e ordenando que se denominasse daí em diante de Angra do Heroísmo.

Angra já tinha o título de “Mui Nobre e Leal”, atribuído na sequência do apoio a D. António e às lutas contra o domínio espanhol.

A cidade foi a primeira do país a ser distinguida com a Grã-Cruz da Torre e Espada e a única durante uma monarquia.

“É uma honra muito grande. A Grã-Cruz da Torre e Espada é a mais alta condecoração que o chefe de Estado português pode atribuir a alguém”, salientou Paula Ferreira.

Este ano, as festas concelhias, que comemoram o São João, assinalam a efeméride, tendo como tema “Muito Nobre, Leal e Sempre Constante Cidade de Angra do Heroísmo”, que dará mote para o cortejo de abertura das Sanjoaninas, quinta-feira à noite.

Segundo Paula Ferreira, é importante que a cidade valorize e dê a conhecer a sua história, que a torna única do ponto de vista turístico.

“É uma cidade lindíssima, magnífica, que tem o seu impacto pela sua imagem visual, mas toda esta envolvência que está por detrás pela parte histórica causa um deslumbramento ainda maior”, salientou.

Já no ano passado, a autarquia optou por associar as festas Sanjoaninas a uma efeméride, recordando os 250 anos da instalação da Capitania Geral na cidade, que foi na altura capital dos Açores.

“É importante darmos a conhecer a nossa história. É claro que para a conceção dos carros e do desfile de abertura há que pesquisar, mas eu acho que é uma maneira de nos enriquecermos a todos”, frisou Raquel Ferreira, vereadora da autarquia.

Durante 11 dias, Angra do Heroísmo celebra o São João com cortejos, marchas populares, espetáculos musicais, exposições, artesanato, gastronomia, tauromaquia e atividades desportivas, entre outras.

Segundo Raquel Ferreira, em outubro do ano passado a hotelaria já estava “praticamente esgotada” para a semana das festas.

“Estamos na época alta, mas de qualquer modo há muitas pessoas que aproveitam esta altura para visitarem a ilha”, realçou, acrescentando que para além dos turistas há muitos emigrantes que escolhem visitar familiares durante as festas.

Este ano, as Sanjoaninas batem um novo recorde de marchas populares, com 41 grupos a desfilarem nas principais ruas da cidade, divididos por duas noites.

“Temos marchas a virem de São Jorge, do Faial, do Pico, de São Miguel, do Funchal e há realmente este gosto e esta vontade de vir a estas festas”, salientou a vereadora.

O orçamento total das Sanjoaninas ronda os 600 mil euros, com uma comparticipação de 250 mil euros da autarquia.

Pelo palco principal passam, este ano, Rui Veloso, Mariza, Amor Electro, Richie Campbell, HMB, The Black Mamba, Master Jake e April Ivy, entre outros artistas.