No mercado de flores da Columbia Road, no centro de Londres, é difícil abrir passagem três dias após a morte da rainha na sua residência de verão no Castelo de Balmoral.

"Está um pouco mais cheio do que o normal", diz Albert Deane, um dos vendedores que tenta vender todas as suas hortênsias em tons pastel.

"As pessoas compram muitas rosas, crisântemos, flores que ficam bem ao ar livre e não murcham muito rápido", acrescenta Deane, de 39 anos.

A Associação Britânica de Floristas (BFA) confirmou à AFP que a "procura aumentou claramente nos últimos dias" e explica que as flores preferidas da rainha eram o lírio-do-vale e alguns lírios brancos.

O Reino Unido está acostumado a vibrar com os eventos reais, mas os funerais, mais que os casamentos, desencadeiam uma maré de emoções. E uma chuva de flores.

Quando a princesa Diana morreu em 1997, "a procura por flores foi incrível", foi sem dúvida "a vez em que vendi mais flores em toda a minha vida", lembra Rosario Rospo, de 56 anos e proprietária da OK Bouquet, uma das maiores lojas da Columbia Road.

Segundo a imprensa anglo-saxónica, 60 milhões de flores foram depositadas então em homenagem a Diana, um oceano colorido que se manteve durante 10 dias.

Desta vez, as autoridades movimentam as oferendas à medida que são depositadas, pelo que a enxurrada de flores, velas, desenhos e outros objetos parece menos impressionante.

Os profissionais preveem, no entanto, que as vendas para o funeral de segunda-feira podem superar as da morte de Diana.

Domingo pode ser "um dia recorde" na Columbia Road, diz Albert Deane. "É um acontecimento inédito. Nunca vi isto em toda a minha vida: um reinado de 70 anos", confessa.

"A sensação no setor é que as vendas superarão as do funeral da princesa Diana", afirma a associação britânica de floristas.

Algumas lojas, como os supermercados Marks and Spencer, próximos ao palácio de Buckingham, ficaram sem flores na quinta-feira e no último fim de semana, mas a BFA afirma que não há riscos de escassez.

Por outro lado, os preços estão a subir, especialmente para as flores da Holanda, o principal fornecedor do Reino Unido.

"As floristas compram o máximo que podem dos produtors do Reino Unido, mas é uma oferta sazonal e volumes limitados", explica a British Florists Association.

A maioria das flores vendidas no Reino Unido é importada, não apenas da Holanda, mas também da Turquia, Israel, Quénia e América do Sul.

* Por Véronique Dupont /AFP