Londres reconheceu que deixou para trás centenas de afegãos elegíveis que deveriam ter sido embarcados na retirada coletiva feita apressadamente após o regresso dos talibãs ao poder.

A BBC informou que um e-mail enviado por uma equipa do ministério da Defesa incluiu, por engano, os endereços de mais de 250 pessoas, deixando-as expostas. Muitos destes e-mails incluíam a fotografia do profissional afegão.

Um intérprete disse à BBC que "este erro pode custar a vida dos intérpretes, sobretudo daqueles que permanecem no Afeganistão".

Na segunda-feira à noite, um porta-voz do ministério da Defesa disse que "foi aberta uma investigação sobre a violação de informações da equipa de Política de Assistência para a Relocação de Afegãos".

"Pedimos desculpas a todos os afetados por esta violação e estamos a trabalhar para garantir que isso não volte a acontecer", declarou o porta-voz.

O erro diz respeito aos afegãos que ainda estão no seu país de origem e permanecem escondidos dos talibãs, informou a BBC, acrescentando que alguns destes profissionais estão noutros países.

A mensagem dizia aos intérpretes que a equipa está a fazer todos os possíveis para ajudar a realocá-los. Ao mesmo tempo, advertia os destinatários do e-mail para não deixarem o seu local atual se considerarem que não é seguro fazê-lo. 30 minutos depois, o ministério enviou outra mensagem, pedindo-lhes para alterar os seus endereços eletrónicos.

A violação de dados irritou o deputado conservador Johnny Mercer, que a classificou como uma "ação de negligência criminosa".

Há semanas, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que permaneceram no Afeganistão 311 pessoas elegíveis para o programa britânico de transferência e assistência, como é o caso dos intérpretes.

"Faremos todo possível para garantir que tenham a passagem segura que merecem", disse Johnson ao Parlamento.

Entre britânicos e afegãos, a Grã-Bretanha retirou mais de 15.000 pessoas do Afeganistão deste que os talibãs recuperaram o poder em Cabul.