Toda a propriedade do Instituto Mohawk está agora a ser tratada como uma enorme cena de crime, uma vez que a busca há muito esperada começa finalmente, conta o The Guardian.

"Espero que encontrem corpos por causa do que nos fizeram", disse Alfred Johnson, que frequentou a escola em 1947. "Eles usaram-nos para trabalho escravo".

Na terça-feira, a polícia e membros da comunidade local [Six Nations of the Grand River] começaram a procurar nos terrenos do Instituto Mohawk — a mais antiga escola residencial do Canadá — os restos mortais de crianças que muitos acreditam terem sido ali enterradas em sepulturas não marcadas.

Em teoria, os jovens estudantes recebiam uma educação moderna concebida para os ajudar a integrarem-se na sociedade canadiana, mas os sobreviventes da escola descreveram durante muito tempo a assimilação forçada como um regime de terror, onde as crianças eram sujeitas a abusos verbais, agressões sexuais e violência física.

Entre 1831 e 1970, milhares de crianças indígenas foram enviadas para a instituição de ensino. Durante mais de um século, pelo menos 150.000 crianças indígenas foram retiradas às suas famílias e forçadas a frequentar as escolas deste tipo, muitas das quais eram dirigidas pela Igreja Católica.

"Os sobreviventes são os que ouviram as verdades sussurradas sobre onde os bebés e as crianças estão enterrados", disse Kimberly Murray, do Secretariado dos Sobreviventes, um grupo que representa membros da comunidade forçados a frequentar a escola.

"Devemos honrá-los e ouvir as suas palavras. A tecnologia moderna e as máquinas podem ajudar-nos a registar a verdade, mas nunca poderão substituir o conhecimento em primeira mão do nosso povo", apontou. "Há aqui corpos. Há espíritos aqui e eles querem seguir em frente".

Desde maio, têm sido descobertas no Canadá mais de mil sepulturas não identificadas nos locais das escolas residenciais geridas pela Igreja.

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