O Hezbollah não confirmou a sua morte, mas um líder do grupo disse à AFP que o grupo perdeu o contacto com Safieddine após os bombardeamentos israelitas de 4 de outubro dirigidos contra ele na periferia de Beirute.

Uma segunda fonte do Hezbollah — que também é um partido político — confirmou que eles tentaram "aceder à sede que foi atacada", mas que "Israel realiza sistematicamente novos bombardeamentos, para dificultar os esforços das equipas de resgate”.

Com barba grisalha, óculos e o turbante preto dos descendentes do profeta Maomé, Safieddine tinha uma semelhança física surpreendente com o seu primo, mas era alguns anos mais jovem. A sua idade era estimada em cerca de 60 anos.

Safieddine perfilava-se como o “candidato mais provável” para suceder Nasrallah na liderança do movimento xiita, financiado e armado por Teerão. Ele mantinha laços estreitos com o Irão, onde concluiu os seus estudos religiosos, e o seu filho é casado com a filha do poderoso general iraniano Qasem Soleimani, que morreu em 2020, num bombardeamento dos Estados Unidos no Iraque.

Safieddine era um dos membros mais importantes do Conselho da Shura e foi classificado como terrorista pelo Departamento de Estado americano e pela Arábia Saudita.

Após a morte de Nasrallah, o número dois do movimento, Naim Qasem, assumiu o comando e anunciou que o sucessor definitivo seria eleito em breve pelos sete membros do Conselho da Shura.

Ao contrário de Nasrallah, que quase não era visto em público desde a guerra entre Israel e o Hezbollah em 2006, Safieddine era o rosto do movimento em diversos atos políticos e religiosos. Embora tivesse um temperamento tranquilo, subiu de tom nos funerais dos comandantes assassinados por Israel.

"Na nossa resistência, quando um comandante se torna mártir, outro retoma a bandeira com força e determinação", declarou Safieddine no funeral do comandante Mohamed Neemeh Naser, morto num bombardeamento de Israel no sul do Líbano.

A especialista da Universidade de Cardiff Amal Saad descreve Safieddine como alguém com “muita autoridade”, o que o tornava “o candidato mais forte à sucessão”.

O Hezbollah foi criado em 1982, durante a guerra civil no Líbano e a invasão de Israel, por iniciativa dos Guardiões da Revolução iranianos. Após o conflito, o Hezbollah foi a única facção a manter as armas, em nome da "resistência" contra Israel.

Durante anos, Nasrallah foi considerado o homem mais poderoso do Líbano, mas o movimento perdeu força nos últimos meses devido aos duros golpes de Israel, que eliminou os seus líderes e atacou as suas instalações.