Um repórter de imagem foi agredido no exterior da Escola Básica dos Lóios, na freguesia de Marvila, no decorrer de uma reportagem relacionada com “a eventual violação de um menor por outro menor”, ambos alunos daquele estabelecimento de ensino. Pouco tempo depois de chegar ao local de reportagem, a equipa da RTP terá sido agredida por familiares do aluno suspeito da violação.

“Hoje [quinta-feira] não foi infelizmente um dia anormal: quer verbalmente, quer fisicamente repetem-se demasiadas vezes as agressões a trabalhadores da RTP. O jornalista repórter Ricardo Mota foi violentamente agredido, tendo recebido assistência hospitalar”, refere um comunicado da CT, enviado às redações na noite de quinta-feira.

A equipa de reportagem era composta pelos jornalistas Lavínia Leal e Ricardo Mota.

“A CT vai exigir junto do Conselho de Administração (CA) que a RTP se constitua assistente no processo-crime, que decerto se seguirá e que proceda depois ao respetivo processo cível. Esperamos que sejam apuradas responsabilidades até às últimas consequências. Até ao fim. Se o CA não o fizer, fá-lo-emos nós, os trabalhadores”, indica o comunicado.

Os representantes dos trabalhadores da RTP afirmam que, “seja por questões políticas ou pela demagogia com que os assuntos da RTP são tratados, hoje, sair à rua num carro com a marca RTP é um risco” que conhecem, mas, dizem, “não têm” de aceitar.

“Em Portugal, claques desportivas, juventudes partidárias, presidente de clubes, autarcas, idiotas e criminosos escolhem sistematicamente os trabalhadores desta empresa para descarregar as suas frustrações, e para nós, já chega. Estamos fartos”, sublinha a CT, alertando para que este crime “não fique impune”.

Anteriormente, já o Sindicato de Jornalistas (SJ) tinha condenado “veementemente” este episódio de violência.

“Esta situação é absolutamente inadmissível num Estado onde o direito à informação é constitucionalmente garantido. É absolutamente reprovável que dois cidadãos sejam agredidos no exercício da sua profissão, mais ainda quando a sua missão profissional é informar imparcialmente um determinado acontecimento”, disse o SJ, em comunicado enviado à agência Lusa.

Fonte policial adiantou na noite de quinta-feira que, até àquele momento, não havia nenhum detido nem suspeitos, acrescentando que o homem anteriormente detido foi libertado, pois não tinha nada a ver com a ocorrência.

Esta fonte relatou ainda que a polícia está a investigar a “eventual violação” ocorrida entre os alunos menores.