“Atualmente, o nosso concelho tem cerca de 2.000 hectares de pomar plantados e, por ano, temos tido cerca de 200 hectares a entrar em produção, o que representa um crescimento anual de cerca de 10%”, referiu.

Paulo Fernandes falava, em declarações à agência Lusa, no final do leilão das primeiras cerejas do Fundão, iniciativa realizada hoje em Lisboa e durante a qual uma caixa de cerejas de dois quilos foi arrematada por 300 euros.

“É provavelmente um dos maiores preços de sempre, porque dá 150 euros por quilo. Confesso que, apesar da causa que vai apoiar, até eu fiquei surpreendido”, disse Paulo Fernandes.

O valor angariado será canalizado para projetos de investigação que estão a ser realizados com o apoio deste município do distrito de Castelo Branco e que têm como objeto de estudo a cereja aplicada às áreas da saúde e bem-estar.

“A inovação e a investigação são componentes em que queremos apostar muito e, portanto, fico muito satisfeito com o sucesso desta iniciativa, até porque já é uma forma de mostrar que a cereja pode ser aplicada noutros setores que vão para além do consumo do próprio produto em fresco ou até dos produtos derivados”, referiu.

O autarca considerou ainda que as várias licitações que foram feitas e que triplicaram o valor base de lançamento (100 euros) também são representativas da valorização que a cereja do Fundão tem alcançado enquanto marca.

A caixa foi rematada pelo chef Vítor Sobral que, desta vez, optará por consumir as cerejas “ao natural” e juntamente com a sua equipa, em vez de as utilizar para confecionar um prato.

“Vão ser as cerejas mais caras que já comemos”, referiu, especificando que uma das suas especialidades é o arroz de tomate com cerejas e jaquinzinhos fritos. Segundo acrescentou, sempre que pode, privilegia a cereja do Fundão.

créditos: Paulo Rascão | MadreMedia

Fundão une-se ao Chile para valorizar a cereja

Esta iniciativa foi ainda aproveitada para anunciar algumas das ações de promoção de cereja que serão realizadas em 2017, ano em que se as condições climatéricas se mantiverem será de excelência.

A Câmara do Fundão vai estabelecer parcerias com entidades do Chile com o objetivo de valorizar a produção, investigação e comercialização da cereja, anunciou também hoje Paulo Fernandes. Segundo explicou o autarca à agência Lusa, essas parcerias começaram a ser delineadas depois de em outubro ter realizado uma missão àquele país, durante a qual estabeleceu contactos com vista ao desenvolvimento de novos projetos e partilha de conhecimento.

“Queremos ligar-nos aos melhores centros de investigação do mundo e o Chile tem vários centros de excelência nessa área e, portanto, convidámos já alguns investigadores e representantes desses espaços para, na próxima semana, estarem no Fundão e partilharem connosco o conhecimento e as experiências que têm”, disse, especificando que estes convidados marcarão presença num colóquio que será realizado na segunda-feira.

O autarca especificou ainda que a visita será aproveitada para “estreitar os laços” entre o Centro de Biotecnologia de Plantas da Beira Interior (do qual o município é entidade parceira) e os centros de Biotecnologia dedicados à cereja que existem no Chile.

Referindo que também estão a ser realizados contactos com empresas, Paulo Fernandes destacou ainda a importância destas parcerias no que concerne à internacionalização, já que o Chile é um dos maiores exportadores de cereja do mundo.

“Apesar de sermos os maiores produtores de cereja do país, no mercado global somos um mercado pequeno e, por isso, temos de fazer parcerias com os maiores comerciantes de cereja do mundo para podermos chegar a mercados mais longínquos, como por exemplo, na China, que recebe mais de 100 mil toneladas de cereja chilena”, apontou. Segundo especificou, esse número representa oito vezes mais do que aquilo que Portugal produz.

“Será um ano muito bom e esperamos que se consigam atingir os melhores preços de sempre pagos ao consumidor, até para compensar as perdas do ano passado que, como se sabe, foram muito elevadas, apontou Paulo Fernandes.

Lembrando que, entre o fruto em fresco e os subprodutos, a economia da cereja já representa cerca de 20 milhões de euros no concelho do Fundão, Paulo Fernandes adiantou ainda que o portefólio de produtos derivados de cereja continua a crescer.

créditos: Paulo Rascão | MadreMedia

Depois dos bombons, do gin e do pastel, chega também o paio com cereja

Este ano, será lançado o paio com cereja, que se junta aos bombons de cereja, às compotas, aos licores, ao gin, ao chá de cereja, aos sabonetes artesanais e ao pastel de cereja do Fundão, entre outros produtos feitos à base de cereja.

A autarquia manterá as parcerias estabelecidas anteriormente com a TAP e com a CP, bem como a realização de festivais e roteiros gastronómicos e um conjunto alargado de iniciativas locais relacionadas com o turismo de experiência.

Destaque ainda para a realização da já habitual Festa da Cereja, que tem lugar na localidade de Alcongosta entre os dias 9 e 11 de junho.