"A perda de liberdade política e de autonomia sofrida por Hong Kong nos últimos dois anos tornou quase impossível distinguir a cidade, em vários aspetos, de outros grandes centros comerciais chineses, como Xangai e Pequim", escreveu o fundador da Fundação, Edwin J. Feulner, no diário norte-americano Wall Street Journal, na quarta-feira.
"Os laços entre [Hong Kong] e Pequim estão a fortalecer-se, enquanto as tradições herdadas da antiga potência colonial britânica, tais como [o sistema jurídico britânico da] 'Common Law', liberdade de expressão e democracia, enfraqueceram consideravelmente", acrescentou.
O anúncio é um duro golpe para a reputação de Hong Kong, após Pequim ter imposto uma lei de segurança nacional no território, no final de junho de 2020, em reação à mobilização pró-democracia sem precedentes que abalou a região semi-autónoma durante vários meses, em 2019.
A Heritage Foundation é um dos principais grupos de reflexão que influenciam os conservadores norte-americanos em matéria financeira.
A classificação é estabelecida em função da avaliação do grau em que as leis e regulamentos dos vários países são favoráveis às empresas.
Durante 25 anos, a cidade liderou a classificação, com a exceção de 2020, quando passou do primeiro para o segundo lugar, substituída no topo do 'ranking' pela rival Singapura.
Em 2019, quando Hong Kong liderou a classificação pelo 25.º ano consecutivo, o Governo disse que a distinção era uma prova da "sua resistência económica, quadro jurídico de alta qualidade, elevado grau de transparência governamental, quadro jurídico eficaz e abertura ao comércio global".
A distinção era uma fonte de orgulho para o Governo da cidade, que destacou frequentemente a classificação em comunicados de imprensa e brochuras para atrair investidores.
Em junho de 2020, Pequim respondeu aos protestos pró-democracia em Hong Kong com a imposição da lei da segurança na região administrativa especial chinesa, o que levou ativistas a refugiarem-se no Reino Unido e em Taiwan.
A lei pune atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras, com penas que podem ir até à prisão perpétua.
Hong Kong regressou à soberania da China em 1997, com um acordo que garante ao território 50 anos de autonomia a nível executivo, legislativo e judicial, bem como liberdades desconhecidas no resto do país, ao abrigo do princípio "um país, dois sistemas", também aplicado em Macau, sob administração chinesa desde 1999.
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