A campanha promovida pela organização internacional WWF - World Wide Fund for Nature (Fundo Mundial para a Natureza) assinala-se a 23 de março em todo o mundo, entre as 20:30 e as 21:30 locais, e tem levado cidadãos, empresas, municípios e organizações de todo o mundo a desligar luzes e aparelhos eletrónicos não-essenciais, visando um planeta mais sustentável.

A iniciativa nasceu em 2007, em Sidney, na Austrália, quando 2,2 milhões de pessoas e mais de 2.000 empresas apagaram as luzes por uma hora, como um momento simbólico de reflexão e sensibilização para a necessidade da proteção do planeta e de reduzir o impacto da sua atividade no ambiente.

Apenas uma hora salva o Planeta?

"Desliga-te e dedica uma hora para ao planeta. No dia 23 de março, dedica 60 minutos a fazer algo positivo pelo nosso planeta. É assim tão simples", escreve a WWF Portugal na sua página da Internet.

"Apenas 60 minutos? Sim, apenas uma hora. Pode não parecer muito, mas a magia acontece quando todas as pessoas, desde a Ásia à África, América do Norte e do Sul, Oceania e Europa, doam uma hora para cuidar da nossa única casa", é referido.

Segundo a WWF, "juntos, podemos criar um raro momento de união pelo planeta, destacando a perda da natureza e a crise climática em escala global e inspirando outros a agir e a defender mudanças urgentes. Sejam indivíduos, empresas, líderes comunitários, uma vila ou uma cidade, convidamos-te a fazer parte do maior momento pelo planeta".

A organização recorda ainda que, "mais de 15 anos depois" desta iniciativa", "as pessoas estão agora num ponto de viragem". O motivo? "As crises climáticas e naturais colocam em risco o destino da nossa casa comum e de todo o nosso futuro".

"Estamos no bom caminho para ultrapassar, até 2030, o limite de aumento global de temperatura em 1,5°C estabelecido pelo Acordo Climático de Paris, e a natureza – a fonte dos nossos meios de subsistência e um dos nossos maiores aliados contra a crise climática – também está sob grave ameaça, enfrentando taxas de perda alarmantes e sem precedentes em todo o mundo", denuncia a organização.

Por isso, estimam que os próximos seis anos vão ser "cruciais para todos os nossos futuros". "Temos de permanecer abaixo do limiar climático de 1,5°C para evitar danos irreversíveis ao nosso planeta, e precisamos de inverter a destruição de natureza até 2030, terminando a década com mais natureza do que começámos. Para que isto aconteça, os indivíduos, as comunidades, as empresas e os governos devem intensificar urgentemente os seus esforços para proteger e restaurar o nosso planeta".

O que podemos fazer?

A organização não-governamental dá exemplos de ações positivas: "Seja a recolher lixo num parque, preparar o jantar com ingredientes sustentáveis, plantar uma árvore ou reunir os teus amigos para um evento da Hora do Planeta, qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode participar da maior Hora pelo Planeta".

Mas há mais coisas que podem ser feitas — e não apenas por uma hora, mas no dia a dia:

  • Apostar em aparelhos de baixo consumo (identificados pelas etiquetas A+, A++ e A+++);
  • Não deixar aparelhos eletrónicos em stand by;
  • Escolher energias renováveis;
  • Utilizar programas curtos nas lavagens da loiça e roupa;
  • Consumir mais fruta e legumes sazonais e menos carne;
  • Recolher a água fria do banho para reutilizar;
  • Usar transportes públicos, andar mais a pé e/ou de bicicleta;
  • Gerar menos desperdício na alimentação;
  • Comprar produtos locais;
  • Usar roupa de algodão orgânico;
  • Evitar comprar produtos embalados para reduzir a utilização de plástico;
  • Reduzir a utilização de pesticidas nas produções agrícolas;
  • Ter atenção às queimas e queimadas;
  • Reciclar;
  • Usar água da torneira e não engarrafada.

Algumas autarquias também costumam participar com o tradicional desligar de luzes de ruas, monumentos e edifícios públicos, ou organizando atividades ambientais, como workshops eco-friendly, jantares comunitários sustentáveis ou passeios de bicicleta.

Além dos municípios e de pessoas a título particular, também empresas e organizações contribuem de diferentes formas para a Hora do Planeta.

O dia assinala-se também na capital, com o Arraial pelo Planeta, organizado pela ANP|WWF, Câmara Municipal de Lisboa e a Junta de Freguesia de Alvalade. Este momento terá lugar no Mercado de Alvalade este sábado e contará com "oficinas sustentáveis, pintura coletiva de um mural com Edis One e Paris One e um concerto semiacústico de Selma Uamusse".

Quem vai desligar as luzes?

Em Lisboa, a propósito do Arraial pelo Planeta, a data vai ser assinalada de forma diferente este ano. "Em vez de ser um apagão num monumento, será um apagão na iluminação pública, nas vias da cidade e dentro do Mercado de Alvalade, que será feito a partir de um simbólico interruptor gigante e que está agendado para as 20:30".

O Fórum Algarve anunciou que vai associar-se à Hora do Planeta, desligando parcialmente a iluminação do centro comercial, entre as 20:30 e as 21:30 deste sábado, "salvaguardando sempre a segurança e o conforto dos seus visitantes e do espaço".

Também a agência Lusa vai aderir à campanha, desligando "à hora marcada" as luzes do edifício sede, do parque de estacionamento e do logótipo, e convidou os trabalhadores a associarem-se à iniciativa desligando as luzes de suas casas durante uma hora.

A Câmara Municipal de Lagoa, nos Açores, associa-se à iniciativa da WWF – Hora do Planeta, desligando as luzes dos edifícios das juntas de freguesia e Paços do Concelho, durante uma hora.

No âmbito da Hora do Planeta, cujo tema este ano é a "Alimentação", e do conceito “Desliga-te. Dedica uma hora ao planeta”, a Câmara Municipal compromete-se, a desligar as luzes por uma hora, entre as 20:30 locais (21:30 em Lisboa) e as 21:30, do edifício dos Paços do Concelho, da Praça de Nossa Senhora da Graça e da Praça de Nossa Senhora do Rosário e as fachadas dos edifícios de todas as juntas de freguesia.

A Assembleia da Madeira e os municípios do Funchal e Câmara de Lobos informaram também que se vão associar à Hora do Planeta, subordinada ao tema “Pequenas ações, com grande impacto”, desligando as iluminações dos seus imóveis.

O parlamento madeirense vai “ficar às escuras em nome da sustentabilidade”, entre as 20:30 e as 21:30, uma ação que acontece desde 2011, anunciou a Assembleia da Madeira, que tem um programa com diversas ações.

A Câmara do Funchal indicou que vai desligar as luzes de sete edifícios municipais, nomeadamente do Paços do Concelho, dos museus da Cidade, do Açúcar, Henrique e Francisco Franco e História Natural, Teatro Municipal Baltazar Dias e no complexo dos Viveiros.

Em Câmara de Lobos, o município contíguo a oeste do Funchal, a autarquia disse que acontecerá, entre outras iniciativas, “um apagão na baixa da cidade e centro da freguesia do Curral das Freiras”.

A IP - Infraestruturas de Portugal anunciou também que vai "desligar as luzes decorativas em duas pontes e em nove estações". Assim, a Ponte 25 de Abril, em Lisboa, a Ponte do Freixo, no Porto, a Estação de Porto - São Bento, a Estação da Figueira da Foz, a Estação de Coimbra, a Estação de Coimbra-B, a Estação da Pampilhosa, a Estação da Guarda, a Estação de Ermesinde, a Estação do Cais do Sodré e a Estação de Santa Apolónia (Editory Riverside Hotel) vão associar-se a este movimento.

Sem luzes vão estar também "as fachadas dos edifícios administrativos da IP em Faro e em Setúbal e em dois espaços na sede da empresa, situada no Pragal, nomeadamente, no painel decorativo da Ponte 25 de Abril e no estacionamento".