“Se a ADSE quiser realmente contribuir para o esclarecimento público que divulgue a previsão de impacto das novas tabelas. A história, como se verá, é muito diferente da que está a ser contada”, disse à agência Lusa o presidente da entidade que representa os hospitais privados nacionais.
Óscar Gaspar reagia assim à notícia divulgada hoje pelo Jornal de Negócios, que, citando o vogal da direção do subsistema de saúde da Função Pública Eugénio Rosa, avança que a ADSE “fez uma revisão dos preços inicialmente apresentados [aos privados] que implica uma despesa de mais 14 milhões de euros por ano” para o instituto público.
“Para se poder ficar com uma ideia da dimensão das correções feitas, em que a preocupação de nunca reduzir os honorários dos médicos foi constante pois é o fator mais importante em qualquer cirurgia, interessa referir que a subida de preços que se teve de fazer determinou para a ADSE um aumento de encargos estimado em 14 milhões de euros por ano", diz um estudo de Eugénio Rosa.
Considerando estar-se “perante uma tentativa de condicionamento do ambiente e de gestão política numa fase importante”, o presidente da APHP entende que “os beneficiários da ADSE merecem ter da fonte própria o que está em causa nas próximas tabelas”.
“Os privados têm gerido este processo com recato e respeito, porque julgamos ser este o único caminho para um equilíbrio que defenda os beneficiários da ADSE. Os hospitais privados querem prestar cuidados de saúde com os melhores meios técnicos e humanos, como acontece com os outros três milhões de cidadãos (não-ADSE) que servimos”, sustenta.
Segundo adiantou à Lusa Óscar Gaspar, “cada hospital e grupo falou diretamente com a ADSE” no âmbito da revisão das tabelas.
No estudo hoje divulgado, o economista e vogal da ADSE Eugénio Rosa acusa alguns grupos privados de quererem reduzir os honorários aos médicos para compensar o que vão receber a menos pelas cirurgias.
"Apesar de a ADSE ter incluído nos cálculos dos preços máximos que fixou na nova tabela para as cirurgias a totalidade dos honorários pagos atualmente aos médicos pelos mesmos atos, fomos informados de que um grande prestador, com a justificação de que a ADSE fixou preços máximos, estava a tentar impor aos médicos uma redução drástica nos honorários que pagava para assim poder manter as margens de lucro que tinha", diz.
Segundo o Negócios, esta revisão das tabelas do regime convencionado - que definem o preço a pagar pela ADSE e pelos beneficiários aos prestadores de saúde com acordo e que devem entrar em vigor a 01 de setembro – acontece na sequência de um conflito que já dura há dois anos, desde a apresentação da nova tabela de preços aos privados, e que “fez os grandes grupos ameaçar romper os acordos com a ADSE”.
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