Contactada pela agência Lusa, na sequência de declarações do bastonário da Ordem dos Médicos que hoje alertou para uma “situação dramática” no CHVNG/E, a administração deste centro hospitalar reagiu por escrito, garantido que “os cuidados de saúde prestados têm sido assegurados, de acordo com o preconizado pelas melhores práticas clínicas”.
No entanto, o CHVNG/E admite que existem “alguns desvios nos tempos de espera”, os quais, garantiu, “estão a ser normalizados”.
Hoje, em declarações à Lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, denunciou que dezenas de cirurgias estão a ser adiadas no hospital de Gaia, incluindo oncológicas, por falta de camas para internar os doentes.
“Neste momento a situação é de caos total no hospital de Gaia. A chamada produção adicional em cirurgia, onde se operam dezenas ou centenas de doentes, foi fechada. Neste momento há dezenas de cirurgias adiadas, muitas da área oncológica em várias especialidades”, afirmou o bastonário.
O responsável diz ter conversado com vários médicos e até enfermeiros do hospital de Gaia e considera a situação da unidade como dramática.
Já em comunicado, o CHVNG/E afirma que o Plano de Contingência de Saúde Sazonal – Módulo de Inverno previu a abertura de 38 camas e que desse número, foram abertas 29.
“Porém, durante o período de maior atividade gripal, registamos um fluxo inferior ao esperado, havendo um reajuste para 20 camas, que permanecem abertas, assim como continua em vigor o Plano de Contingência”, lê-se no documento.
Relativamente às cirurgias, o centro hospitalar lembra que o Plano de Contingência abrange três níveis de ativação, em função do fluxo de doentes, e refere que “têm sido implementadas progressivamente as medidas previstas”.
“Dessa forma, e de acordo com o despacho nº2483/2017, de 23 de março de 2017, no âmbito do mesmo plano, e para reforçar o internamento em situação de maior procura dos serviços, está prevista a suspensão temporária da atividade cirúrgica adicional”, justifica o CHVNG/E.
Em causa está um centro hospitalar com unidades em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, e em Espinho, distrito de Aveiro, que tem vindo a ser alvo de críticas.
Na quinta-feira o Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) denunciou que na quarta-feira havia utentes “com patologias passíveis de características infetocontagiosas amontoados há vários dias nas observações” do centro hospitalar, “por não existirem camas nas respetivas unidades de internamento”.
No mesmo dia, o Sindicato dos Enfermeiros revelou que dois enfermeiros foram agredidos e outros dois foram alvo de ameaças de agressão, em janeiro.
A vice-presidente do sindicato, Mariana Tomás disse à agência Lusa que os enfermeiros envolvidos “trabalham na zona de triagem de doentes” e que os incidentes ocorreram por os “agressores terem discordado da cor atribuída” no processo.
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