Segundo fonte da Câmara de Mirandela, o município já convocou uma reunião de urgência com os autarcas dos concelhos servidos pelo hospital face à inexistência de escalas.
Se desde 08 de outubro de 2023 as escalas ficavam por preencher, no início deste ano nem sequer existem.
“Os hospitais de Mirandela e de Bragança funcionam com cirurgiões prestadores de serviços, que vão de outros hospitais, para ajudar a preencher escalas de forma razoavelmente assídua”, explicou Susana Costa.
Acrescentou que a esses médicos são “apresentadas as necessidades da urgência de cirurgia geral do hospital de Bragança, e as escalas de Mirandela nem sequer são tidas em conta, porque está assumido que não é possível preenchê-las e, portanto, nem sequer foi feita uma” para este mês.
Desde o dia 08 de outubro que o hospital de Mirandela não tem cirurgiões de urgência.
Susana Costa relembrou que a falta de cirurgiões afeta o serviço de urgência externa e o internamento de cirurgia.
Num documento hospitalar a que a Lusa teve acesso em outubro explicava-se que, devido à falta de médicos para completar escalas por recusa de realizar mais horas extraoridinrias do que as efinidas por lei, havia “a consequente necessidade de concentrar recursos na Urgência Médico-Cirúrgica” do hospital de Bragança, para onde foram prestar serviço os três médicos afetos ao hospital de Mirandela.
Susana Costa disse que continua a ser difícil preencher as escalas do hospital da capital de distrito, que passou a ser a referência.
A porta-voz fez ainda saber que os médicos mais velhos, que asseguravam o serviço de Mirandela, deixaram este mês de prestar horas extraordinárias. Por terem mais de 55 anos, não estão obrigados por lei a fazê-lo.
Quanto a um hipotético encerramento definitivo da urgência médico-cirúrgica do hospital de Mirandela, Susana Costa considerou que “provavelmente já está assumido, mas que ainda não está escrito”.
“Há uma série de ajustes que vão ter que ser feitos quando a administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE) assumir plenamente que não vai ter mais cirurgião de urgência em Mirandela”, referiu ainda Susana Costa.
Para a porta-voz, “verdadeiramente, a urgência de Mirandela não é médico-cirúrgica porque não tem nenhum cirurgião”.
“Ainda não temos nenhum documento oficial. Se assim fosse, teria que se redefinir aquilo que é a urgência desse hospital, que acabaria por se tornar em básica”, salientou.
Contactada pela Lusa, a presidente da Câmara de Mirandela, Júlia Rodrigues, informou hoje que já convocou uma reunião de emergência com os presidentes dos municípios que utilizam as urgências do Hospital de Mirandela para a tomada de uma posição comum.
A autarca afirmou ainda que este problema “é transversal ao sul do distrito de Bragança e que põe em causa a qualidade de vida” das populações.
Desde outubro que a Lusa tem vindo a questionar a ULSNE sobre este tema, mas sem sucesso. A última tentativa de contacto, feita hoje, também ficou sem resposta.
A Lusa contactou ainda a Direção-Executiva do Serviço Nacional de Saúde, mas não obteve esclarecimentos até ao momento.
Em 25 de novembro, cerca de 500 pessoas juntaram-se num cordão humano no hospital de Mirandela para pedir a reabertura imediata do serviço, bem como o reforço dos cuidados de saúde.
O hospital de Mirandela serve os concelhos de Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Torre de Moncorvo e Alfândega da Fé, onde, segundo os últimos censos, há cerca de 44 mil habitantes.
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