Luís Costa contou que o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) foi identificado como parceiro do START, “um grande consórcio internacional de estudos clínicos fase 1”, para abrir uma unidade em Portugal, nomeadamente em Lisboa.

O oncologista destacou a importância destes centros de investigação porque permitem “dar uma oportunidade” aos doentes que já não têm alternativas terapêuticas de poderem beneficiar de um tratamento na fase inicial.

“São doentes com cancro que, em princípio, já terão ultrapassado as linhas terapêuticas adequadas (‘standard’), mas estão ainda em boas condições para poderem receber um tratamento que pode vir a significar uma nova opção terapêutica para os doentes com cancro”, explicou.

Os ensaios clínicos de fase 1 são responsáveis por identificar a segurança, a posologia e os sinais de eficácia numa fase muito precoce da experimentação humana. Se não forem bem conduzidos podem excluir para o futuro alternativas terapêuticas que seriam muito válidas para o progresso na cura do cancro, sendo por isso a seleção de centros para investigação "extremamente criteriosa por parte dos detentores dos potenciais novos medicamentos".

Nesses estudos fase 1, disse Luís Costa, “é preciso muito cuidado”, uma vez que os doentes estão expostos pela primeira vez ao medicamento.

“Temos que monitorizar muito bem tudo quanto é a parte clínica e a segurança dos doentes, mas também é muito importante para nós entendermos qual é o potencial terapêutico desses medicamentos”, afirmou, salientando que uma “lista de 20 ou 30 medicamentos” aprovados para o tratamento do cancro foram testados pela primeira vez em humanos nos centros de investigação START.

Para Luís Costa, estes ensaios significam também “um ganho muito grande do ponto de vista de aproximação da ciência para o doente”.

“Esta é a fase em que nós avaliamos com todo o detalhe como é que um princípio científico de luta contra o cancro é ou não é realizável em termos de ganhos clínicos para o doente”, declarou.

Nesse sentido, salientou, vai haver “um ganho muito grande do ponto de vista científico” para o Centro Académico de Medicina de Lisboa, porque tem um hospital, o Instituto de Medicina Molecular e uma faculdade.

“Como nós queremos trabalhar também em parceria com outras instituições, que farão parte do Centro Académico de Medicina de Lisboa, outros hospitais, obviamente que estamos disponíveis para receber doentes de outros hospitais que tenham condições para participar nestes estudos de fase 1”, avançou o especialista.

O centro de ensaios estará operacional até final do ano e prevê-se que, em fase de pleno funcionamento, possa incluir entre 150 a 200 doentes com diferentes tipos de cancro, disse, salientando que os gastos com exames, medicamentos, análises são assegurado pelo projeto, significando um ganho para o hospital.

Numa primeira fase, estará localizado em espaço próprio no piso 9 do Hospital de Santa Maria, estando acordado a construção de um novo espaço, próximo dos serviços de Oncologia e do Serviço de Radioterapia, que acolherá as instalações definitivas do START-Lisboa.

O START é um consórcio internacional que tem centros em Santo António do Texas, em Michigan, em Madrid, em Xangai e em Taipé, sendo o maior centro associado para ensaios de fase 1 a nível mundial.

Desde 2020, que o conselho de administração do do CHLN e a Direção do START desenvolveram esforços para a concretização do projeto, que culmina hoje com a assinatura de um contrato de colaboração entre as duas instituições.