A posição da HRW surge um dia após Bolsonaro ter afirmado, numa transmissão em direto na rede social Facebook, que não consegue “matar o cancro” que as ONG são para a Amazónia

“Numa ‘live’ veiculada esta semana, o Presidente Jair Bolsonaro disse que não consegue ‘matar esse cancro’, referindo-se às ONG que defendem a Amazónia, desacreditou denúncias baseadas em dados públicos que indicam enorme aumento de queimadas e de desflorestação na Amazónia durante o seu Governo, e acusou ribeirinhos e indígenas pelas queimadas”, indicou a organização em comunicado.

A Human Rights Watch advogou ainda que, “além de continuar a demonstrar desapreço total pela atuação das ONG”, Bolsonaro “quer esconder o facto de que suas políticas anti-ambientais têm acelerado a destruição da floresta, com consequências muito graves para a segurança daqueles que tentam defendê-la, incluindo agentes ambientais e indígenas, e para a saúde de milhares de pessoas que respiram o ar tóxico associado às queimadas na Amazónia”.

Várias organizações não-governamentais ambientais têm atribuído o aumento na degradação daquele que é o maior pulmão vegetal do planeta às políticas “agressivas” de Bolsonaro, que encorajam a expansão de todas as atividades económicas naquela região.

Também a ONG Greenpeace Brasil se juntou às críticas, declarando que Bolsonaro “dá a entender que quer que o Brasil se adapte aos seus desejos, em mais um claro rompante autoritário onde a palavra ‘matar’ é recorrente”.

“Enquanto procura culpar terceiros pelo estrago da sua própria política, a floresta queima e a imagem brasileira se desintegra internacionalmente. (…) A sua fala, violenta e inaceitável, só demonstra que ele não está disposto a tomar qualquer tipo de ação efetiva para evitar que a Amazónia seja destruída e que não está à altura da responsabilidade do cargo que ocupa”, defendeu a ONG.

“Os dados dos satélites mostram quem é o verdadeiro cancro da floresta. Bolsonaro pode tentar, mas não conseguirá matar a esperança dos brasileiros que lutam em defesa da vida e da floresta em pé”, concluiu a Greenpeace em comunicado.

Na quinta-feira, no mesmo dia em que Bolsonaro chamou as ONG de “cancro”, a Amnistia Internacional (AI) alertou para o “número alarmante” de novos incêndios que lavram na Amazónia brasileira, acusando as autoridades do país de não protegerem a terra e os direitos humanos naquela floresta tropical.

No alerta, a AI – ONG de defesa dos direitos humanos -, lamentou o facto de já terem sido detetados este ano, até 31 de agosto, cerca de 63 mil incêndios, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro.

A Amnistia destacou ainda que a desflorestação na região aumentou 34,5%, entre agosto de 2019 e julho de 2020, em comparação com o mesmo período de 2018 e 2019, destruindo uma área total de 9.205 quilómetros quadrados.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados, e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

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