O pedido foi expresso numa carta assinada por 51 cidadãos portugueses, a maior parte empresários que dizem dar emprego a 800 pessoas.
"Este é um documento não emotivo, mas sim uma exigência que deve ser tomada em conta pelo Governo português", referiu Joaquim Vaz, empresário que falou num encontro mantido esta manhã com o governante.
Entre os principais pedidos está que Portugal indique uma força especial para garantir a proteção dos portugueses na Beira, agora que estão mais vulneráveis numa cidade sem eletricidade, nem outros serviços básicos.
Pediram ainda a criação de uma linha de crédito que os possa apoiar em casos urgentes e no esforço de reconstrução que se segue.
No encontro, a comunidade pediu maior presença do consulado português, que acusou de pouco ou nada ter feito para os ajudar.
Os portugueses disseram não entender porque é que, até agora, os consulados não têm telefone satélite para casos de emergência.
"Não se pode pensar que Portugal tem autonomia para chegar aqui e designar forças especiais para proteger só os portugueses", respondeu o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.
"Isso depende das autoridades moçambicanas. Moçambique tem liberdade para pedir apoio em áreas especiais", acrescentou, sublinhando que "Portugal é um parceiro que é chamado a cooperar quando necessário".
José Luís Carneiro classificou como uma boa possibilidade a criação de uma linha de apoio financeiro e até interrompeu a reunião para falar através de um telefone satélite com serviços do Governo, em Lisboa.
Enquanto as decisões se prepararam, o governante fez um apelo "à calma e sensatez".
A passagem do ciclone Idai em Moçambique, Maláui e Zimbabué provocou perto de 400 mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos desde segunda-feira.
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, decretou o estado de emergência nacional na terça-feira e disse que 350 mil pessoas “estão em situação de risco”.
Moçambique cumpre hoje o segundo de três dias de luto nacional.
A Cruz Vermelha Internacional indicou que pelo menos 400.000 pessoas estão desalojadas na Beira, considerando que se trata da “pior crise” do género em Moçambique.
O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na noite de 14 de março, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.
O Governo português anunciou que 30 cidadãos nacionais residentes na Beira estão por localizar.
O primeiro de dois aviões C-130 da Força Aérea Portuguesa, com uma Força de Reação Imediata constituída por 25 fuzileiros, dez elementos do Exército, três da Força Aérea e dois da GNR (equipa cinotécnica), é esperado hoje na Beira, para apoiar as operações de busca e salvamento.
No centro e norte de Moçambique há mais de 6.000 portugueses inscritos nos serviços consulares, estimando-se que 2.500 residam na Beira, a zona mais afetada, segundo os serviços consulares.
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