“Até agora só se conhecia a sua presença na Tanzânia, mas começamos agora a expandir a sua distribuição e é a primeira vez que descobrimos esta espécie em Moçambique e na Zâmbia”, afirmou Ricardo Araújo à agência Lusa.

Os fósseis daquela espécie de dicinodonte, um ancestral dos mamíferos, foram encontrados no âmbito de uma expedição realizada em 2019 em Graben Metangula, na província moçambicana do Niassa, e são importantes para a comunidade científica.

“Conseguimos agora perceber, com muito mais certeza, as idades entre as várias bacias sedimentares do leste africano, nomeadamente as bacias de Moçambique, Tanzânia e Zâmbia”, disse o investigador do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do Instituto Superior Técnico.

Para o paleontólogo, os cientistas apontam para a hipótese de ser uma “espécie restrita ao leste africano, porque não só não está reportada noutros sítios, como também tem uma característica distintiva ao nível do crânio que não é encontrada noutras espécies e que é derivada do tipo de alimentos que ingeriam” nessa região.

Publicado esta semana no Journal of Vertebrate Paleontology, o artigo científico é ainda subscrito pelos norte-americanos Christian Kammerer (Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte) e Kenneth Angielczyk (Museu de História Natural de Chicago) e pelos moçambicanos Keila Cumbane e Zanildo Macungo, do Museu Nacional de Geologia de Moçambique.

O projeto é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, em parceria com a Fundação Aga Khan.