"As ideologias e experiências não são suficientes para acompanhar estes eventos", notou Tiago Oliveira, considerando que é preciso cada vez mais levar o conhecimento para o combate aos fogos e para os atores na supervisão das operações, que devem ser avaliados sobre se integraram ou não "conhecimento na decisão e se a decisão foi ou não suportada em evidências".

Segundo o também investigador, é necessário ter instituições públicas com "capacidade de consumir conhecimento e levar a que o conhecimento chegue até à operação, até ao combate".

Para além disso, é também importante reforçar as capacidades das instituições na área da prevenção com "técnicos jovens, capazes, dinâmicos, que consumam o conhecimento que está a ser produzido".

Para Tiago Oliveira, esta aposta vai permitir também que as entidades envolvidas no combate e na prevenção possam fazer "as perguntas certas à comunidade científica".

O presidente da estrutura de missão falava durante a cerimónia de assinatura do memorando para a criação do laboratório colaborativo ForestWISE, que decorreu em Proença-a-Nova, com a presença do primeiro-ministro, António Costa.

De acordo com Tiago Oliveira, este laboratório, que envolve entidades públicas ligadas ao ambiente, floresta e proteção civil, empresas da área florestal e universidades, vai poder dar respostas e conhecimento a todo o setor - do combate ao fogo aos produtores florestais.

A comunidade científica, vincou, pode apoiar na decisão de políticas públicas, como na "pequena prevenção" ou na viabilidade económica da floresta portuguesa.

"O problema dos fogos e da viabilidade da floresta resolve-se por uma aplicação muito persistente do conhecimento, por um desenvolvimento firme da ciência e por uma capacidade de comunicar e de envolver os 'stake holders'", vincou.

Durante a sessão, o presidente do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), José Manuel Mendonça, referiu que o laboratório ForestWISE permite uma interligação entre duas agendas, "uma mais privada - de valor económico - e outra mais pública e social".

"Há uma capacidade de investigação que pode agora ser aplicada à floresta", notou, considerando que "o 'know how' está fragmentado", sendo que o laboratório permite agregar "grupos de investigação e juntar esforços para responder a grandes problemas e grandes desafios".

José Manuel Mendonça prevê que, num espaço de cinco anos, o laboratório atinja um total de 50 elementos, utilizando espaços existentes e novas infraestruturas, que vão ser criadas na sede do laboratório, cujo local ainda não está definido.

"Pretende-se que [a sede] esteja onde está o coração da floresta", disse.