Em declarações aos jornalistas à entrada do Centro de Congressos do Estoril, onde começa hoje o congresso da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE), Rui Rocha foi questionado sobre como é que interpreta a decisão do Presidente da República de ter adiado viagens à Estónia e à Polónia que tinha previstas para a próxima semana, tendo em conta as negociações orçamentais em curso.
Na resposta, o líder da IL defendeu que Marcelo Rebelo de Sousa o país “ganhariam com algum distanciamento” do Presidente da República, frisando que “tem feito intervenções praticamente diárias, às vezes mais do que uma vez por dia”.
“E se há coisas que me parecem naturais que aconteçam - como por exemplo o Conselho de Estado, onde é natural que o senhor Presidente promova a discussão sobre o momento do país - já outras intervenções tão permanentes, tão insistentes, creio que traduzem e dão aos portugueses um sinal de intranquilidade que eu considero indesejável”, afirmou.
Para Rui Rocha, “é bom que os partidos possam ter o seu espaço, defender as suas ideias, negociar a apresentar as suas propostas”.
“E esta invasão permanente, por parte do senhor Presidente da República, do espaço que é o espaço da negociação própria da democracia e do espaço dos partidos, parece-me indesejável do ponto de vista da normalidade do processo democrático”, criticou.
Questionado se recomendaria recato a Marcelo Rebelo de Sousa, Rui Rocha disse que sim, salientando que “todas estas questões devem ser feitas com alguma discrição”.
“Não creio que o país ganhe muito com toda esta discussão na praça pública que tem havido. Normalmente, quando as discussões e as pressões são feitas na praça pública, isso significa que há poucas probabilidades de serem eficazes”, salientou.
Rui Rocha disse assim que o Presidente da República “preservasse a sua capacidade de intervenção”.
“Isso faz com que esse recato fosse, de facto, desejável”, disse.
Nestas declarações aos jornalistas, Rui Rocha foi ainda questionado se acha que o Estado está a fazer o suficiente para defender o secretário-geral da ONU, António Guterres, após ter sido considerado ‘persona non grata’ por Israel.
O líder da IL respondeu que se vive um “momento muito melindroso” e de “enorme tensão no Médio Oriente”, salientando que o “contributo de todos deveria ser para promover a desescalada”.
“Portanto, focar as questões no secretário-geral da ONU não me parece que seja um contributo especial e creio que ele próprio tem de fazer uma reflexão sobre os posicionamentos que vai tomando, porque, se quer contribuir para essa desescalada, tem de ter também uma visão imparcial”, disse.
Rui Rocha frisou contudo que não vale a pena “dramatizar a situação à volta do secretário-geral da ONU”, reforçando que a “situação é demasiado tensa e preocupante” no terreno para se estar a “acrescentar mais notas de tensão que não vão ajudar a resolver o problema”.
O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, decidiu adiar as viagens à Estónia e à Polónia previstas para a próxima semana e manter-se no país, tendo em conta as negociações orçamentais em curso.
"Terminando no próximo dia 10 de outubro o prazo para entrega na Assembleia da República da proposta de lei do Orçamento do Estado para 2025, mas estando ainda em curso diligências do Governo designadamente com o PS, com vista a concluir tal proposta, o Presidente da República considerou mais avisado adiar a deslocação prevista à Estónia e à Polónia na próxima semana e manter-se no país", disse à Lusa fonte da Presidência da República.
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