Num debate na TVI, que colocou frente a frente João Cotrim Figueiredo e António Costa, a divergência entre os dois começou logo nos primeiros minutos sobre o crescimento do país, para depois escalar para as matérias fiscais e laborais.
O líder da IL disse que António Costa estava, agora, a prometer tudo, desde médicos de família a baixar impostos, enquanto o socialista considerou que algumas propostas liberais são “uma aventura”, nomeadamente em matéria de fiscalidade.
“A posição de António Costa nesta campanha é ‘agora é que vai ser’, agora é que vai haver médico de família para todos, agora é que vai haver computadores para todos nas escolas, agora é que os impostos vão baixar, agora é que as pessoas vão deixar de emigrar”, disse João Cotrim Figueiredo.
Para, de seguida, afirmar ter feito uma pesquisa na internet sobre as promessas de António Costa e lhe ter saído um “rolo enorme” de papel, exibindo-o em jeito de brincadeira.
Na resposta, o socialista considerou que o mais interessante do programa da IL é mesmo a “aventura fiscal” que propõe, fazendo alusão à taxa única de IRS.
E lembrou que desde 2016 até agora o governo, por si liderado, reduziu em um ponto percentual o peso dos impostos no Produto Interno Bruto (PIB).
O líder liberal reafirmou que a proposta de uma taxa única de IRS de 15%, aplicada de forma gradual, não é “nenhuma bizarria”, mas algo normal.
Para, de imediato, criticar o PS por querer criar mais escalões de IRS, sublinhando que não compensa trabalhar em Portugal para subir na vida.
Na justificação, o secretário-geral do PS recordou que, no orçamento para 2022 que vai ser aprovado a seguir às eleições, há uma descida imediata do IRS para todas as famílias até 80 mil euros anuais, para todas as famílias com filhos e uma grande redução na tributação dos jovens.
A divergência, que foi uma constante ao longo do debate, passou ainda pela questão laboral, nomeadamente pela proposta feita pelo PS quanto à “semana de quatro dias” que a IL apelidou de “irrealista”.
Costa explicou que esta matéria merece ser “refletida”, sublinhando que a pandemia de covid-19 “mudou muito” a vida das pessoas, sobretudo na vertente laboral, dando como exemplo a adoção do teletrabalho.
Dizendo haver falta de mão de obra “pouca, muita ou mais” qualificada em Portugal, Cotrim Figueiredo não vê onde esta proposta poderá trazer vantagens para a economia.
O liberal aproveitou para vincar que o país não tem crescido de forma satisfatória, estando num momento de estagnação.
Já António Costa disse que Portugal não só cresceu como “cresceu bem”, estando a receita nas qualificações e na inovação, recordando que o país reduziu o abandono escolar precoce e ultrapassou países como a Alemanha e Dinamarca.
Discordando, o presidente do IL frisou que os outros países crescem mais do que Portugal e, por isso, Portugal tem a geração mais qualificada dos últimos anos a emigrar.
“Estamos a criá-la [melhor geração] e não a aproveitá-la”, afirmou Cotrim Figueiredo.
O socialista recordou que Portugal voltou a ter saldos migratórios positivos o que significa mais pessoas a entrar do que a sair do país.
A regionalização também esteve me cima da mesa com Costa a mostrar-se favorável e Cotrim Figueiredo a manifestar reservas e dizer não dever-se colocar “o carro à frente dos bois”.
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