“Vamos pôr em prática um sistema que funcione no interesse de todo o Reino Unido e priorize as competências que uma pessoa tem para oferecer, não de onde elas vêm. Durante demasiado tempo, distorcido pelo direito de livre circulação europeu, o sistema de imigração não respondeu às necessidades do povo britânico”, refere o governo no documento apresentado hoje.
Segundo o novo sistema, os candidatos têm de preencher requisitos que garantam um mínimo de 70 pontos, como falar bem inglês (10 pontos), ter uma oferta de emprego (20 pontos) ou, como qualificações académicas mínimas, o 12.º ano ou superior (20 pontos).
A oferta de trabalho deve garantir um salário mínimo de 25.600 libras (20 pontos), ou inferior, de 20.480 libras (24.700 euros), para empregos com falta de mão-de-obra, como enfermagem ou se os candidatos tiverem um doutoramento.
O governo admite regras específicas para certos setores, como a investigação científica ou a agricultura, tendo hoje quadruplicado o número de trabalhadores sazonais autorizados, de 2.500 para 10.000, que podem ser contratados por empresas agro-alimentares, no âmbito de um sistema paralelo.
O novo sistema de imigração por pontos visa ser implementado no início de 2021, quando acabar o período de transição após a saída do Reino Unido da União Europeia, que estendeu a liberdade de circulação europeia até ao fim de dezembro.
Atualmente, vivem no Reino Unido mais de três milhões de cidadãos da UE, dos quais centenas de milhares trabalham em setores como agricultura, saúde e restaurantes com salários relativamente baixos.
Os empregadores dessas indústrias receiam uma escassez de trabalhadores devido às regras mais rígidas de imigração. A Associação de Assistência Domiciliar do Reino Unido descreveu a falta de provisões para trabalhadores imigrantes mal remunerados nas propostas como “irresponsável”.
“Cortar a oferta de profissionais em tratamento sob um novo sistema de migração abrirá o caminho para mais pessoas que esperam desnecessariamente no hospital ou ficam sem atendimento”, afirmou.
A deputada do Partido Trabalhista Diane Abbott apontou para os “defeitos” do novo sistema, porque “vai precisar de ter tantas isenções para o serviço nacional de saúde, para assistência social e muitas partes do setor privado que vai deixar de fazer sentido”.
Pelos Liberais Democratas, a deputada Christine Jardine denunciou as propostas como sendo “baseadas na xenofobia, não nas necessidades sociais e económicas do nosso país” e salientou o reduzido tempo de dez meses para as empresas e organismos se adaptarem.
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