“O incêndio foi dado como dominado às 23:36, mas os trabalhos vão manter-se seguramente ao longo dos próximos dias para evitar qualquer reacendimento”, explicou à agência Lusa o comandante Pedro Araújo, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), sobre o fogo que consumiu até sexta-feira à noite mais de 17 mil hectares.
Pedro Araújo realçou que “ainda se esperam muitas horas de trabalho pela frente” no terreno, onde se vai manter um elevado número de meios.
“A partir de agora entramos no que é conhecida como a fase de rescaldo e consolidação, depois havemos de passar a uma fase de vigilância, e tendo em conta a dimensão deste incêndio, grande parte destes meios vão-se manter no teatro de operações por muitas horas”, frisou, prevendo que os trabalhos decorram “durante a próxima semana”.
Pelas 00:30, segundo o ‘site’ da ANEPC, mantinham-se no local 1.539 bombeiros, com o apoio de 449 meios terrestres.
O incêndio deflagrou na madrugada do dia 06 de agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã, no distrito de Castelo Branco, e as chamas estenderam-se depois ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira.
O comandante da ANEPC destacou ainda que o essencial neste momento é a vigilância para evitar qualquer reativação do incêndio e poder “atempadamente intervir na sua extinção”.
“Há sempre zonas que ficam por arder mas com pontos quentes e a qualquer altura o incêndio pode reativar nessas ilhas. A vigilância para podermos de forma musculada intervir e dominar será a preocupação nas próximas horas”, referiu.
Pedro Araújo sublinhou ainda que o fogo, que ocorreu a mais de mil metros de altitude e que estava a poucas horas de cumprir sete dias em fase ativa, teve “características muito particulares, tanto de progressão como de vegetação, numa área que não ardia há vários anos, com uma manta morta muito extensa, uma carga calorífica muito elevada, a libertar muita energia”.
“Os incêndios em montanha têm características particulares mas que criam naturalmente muitas dificuldades aos operacionais, quer na progressão no terreno, quer também na capacidade que têm de transportar seja materiais, seja água, ou na consolidação das linhas de fogo. Não basta o meio aéreo largar água. É preciso atuar no terreno e fazer separação do verde do queimado, para que não haja continuidade”, explicou.
Segundo o sistema de vigilância europeu Copernicus, mais de 17 mil hectares já arderam até sexta-feira à noite no fogo na Serra da Estrela.
Em causa está uma área de parque natural, classificada, mas, segundo uma resposta enviada na sexta-feira à Lusa pela Comissão Nacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), “nada indica que o geoparque da Estrela perca tal classificação apenas por motivos relacionados com um fogo florestal”.
Pelas 19:00, a Proteção Civil já tinha dado o fogo como “estabilizado” mas “não ainda dominado”.
Também ao final da tarde de sexta-feira, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, considerou que o incêndio que deflagrou no sábado em Garrocho “é uma tragédia do ponto de vista do ambiente, da biodiversidade e do património ambiental”.
Já na manhã de sexta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, defendeu que, quando o incêndio da serra da Estrela terminar, deve ser estudado “em pormenor” o que poderia ter sido eventualmente feito para evitar que o fogo ganhasse a escala que acabou por adquirir.
Às 00:30 de hoje o único incêndio ativo de grandes dimensões lavra em Casal da Pereira, Tomar, no distrito de Santarém, desde as 19:48 de sexta-feira, numa zona de “difíceis acessos”, explicou à Lusa o comandante Pedro Araújo.
Segundo o ponto da situação às 23:15, o fogo tinha três frentes, já com uma dominada, e lavrava em zona de pinhal e eucaliptal, tendo sido projetada para o teatro de operações uma maquina de rasto, por causa da dificuldade de acessos, adiantou o comandante da ANEPC.
Pelas 00:30 de hoje, mantinham-se no local 192 operacionais e 55 viaturas, estando o incêndio a “ser alvo de um reforço de meios”.
Comentários