"Quanto às medidas agrícolas e feito o levantamento dos prejuízos é possível, desde já, haver apoios, aliás, há apoios que estão já a ser concedidos no que respeita à alimentação animal e, hoje, o senhor ministro da Agricultura já anunciou que vai prolongar por mais dois meses essas ajudas" disse António Costa, no final da habitual reunião semanal com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que decorreu esta tarde em Sagres, no Algarve.

O primeiro-ministro frisou que, quanto aos apoios à reconstrução ou construção das habitações afetadas pelo incêndio, as câmaras municipais já conhecem, no âmbito do programa Porta de Entrada, "quais são as condições de acesso em matéria de habitação".

Questionado sobre as críticas à atuação da Proteção Civil durante o incêndio em Monchique, o primeiro-ministro considerou que "as críticas fazem parte da vida democrática".

"Seguramente haverá sempre críticas, mas o que é importante é cada um fazer aquilo que lhe compete. Primeiro evitar comportamentos de riscos desnecessários para o incêndio florestal e, em segundo lugar, a Proteção Civil posiciona os meios da melhor forma possível", frisou.

Segundo o chefe do Governo, desde sexta-feira da semana passada “até ao dia de ontem [quarta-feira] houve mais de 400 ignições em todo o país, mas felizmente nenhuma se tornou em incêndio, o que significa que houve capacidade de responder e apagar a tempo e horas" as chamas.

"Infelizmente, nem sempre isso acontece, por diversas razões, como pelas condições orográficas, o vento, as condições de difícil acesso, há várias razões", destacou António Costa, acrescentando "que, para que não haja um grande incêndio, é necessário que não haja uma chama e é isso que nos compete assegurar".

O incêndio rural, combatido por mais de mil operacionais, deflagrou em Monchique (no distrito de Faro) no dia 03 de agosto e foi dominado no dia 10, depois de afetar também o concelho vizinho de Silves e, com menor impacto, Portimão (no mesmo distrito) e Odemira (Beja).

Quarenta e uma pessoas ficaram feridas, uma das quais em estado grave.

De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas consumiram 27.635 hectares.

Segundo a Câmara de Monchique, arderam no concelho cerca de 16.700 hectares e os prejuízos em habitações e infraestruturas municipais estão estimados em 10 milhões de euros.

Em Silves, a área ardida é de cerca de 10 mil hectares, essencialmente explorações suinícolas e de pecuária.

O Governo anunciou um programa de reordenamento económico da serra de Monchique, coordenada pelo município, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, propôs que a comissão técnica independente nomeada para investigar os incêndios de 2017 passe a ser permanente.