Durante a tarde de hoje, o vai e vem intensivo de helicópteros a abastecer de água nas piscinas municipais, próxima do quartel dos Bombeiros Voluntários de Monchique e do centro de meios aéreos da localidade algarvia, e a espessa coluna de fumo que cobria a vila começaram a despertar uma preocupação maior junto das pessoas.
Lúcia Silva disse à Lusa que chegou a Monchique na sexta-feira para passar férias na casa de uns amigos e ainda não se tinha sentido ameaçada, mas confessou que agora “o movimento de tantos helicópteros” começa “a dar alguma preocupação”.
“Daqui da vila só vemos o fumo, vemos e ouvimos os helicópteros a abastecer e a levantar voo do heliporto [existente junto ao centro de meios aéreos da Proteção Civil em Monchique], mas não sabemos ao certo como está a situação, a não ser pelo que vemos nas notícias”, afirmou.
Também Isaura Alminha, de 70 anos, disse que passa todos os dias junto ao heliporto em Monchique e “ainda não tinha visto tanto movimento de helicópteros e carros de um lado para o outro”, numa referência aos veículos das equipas de combate ao fogo, da GNR ou da Proteção Civil municipal que fazem a distribuição de água e alimentos aos elementos que no terreno.
“E hoje o fogo já parece estar mais perto do que estava ontem [sábado] e na sexta-feira. Vamos esperar que os bombeiros consigam controlar o incêndio rapidamente”, desejou, afirmando-se “inquieta” e “preocupada” com o cenário que se vive, que é também tema de conversa em cafés e entre habitantes locais.
Ao longo da tarde, e consoante o sentido do vento, o fumo libertado pela massa florestal a arder também se fez sentir em Monchique, onde caíram em alguns períodos cinzas provenientes do incêndio, situação que José Feliciano, outro habitante da vila algarvia, também disse ser “preocupante” por demonstrar “complexidade” da situação, considerou.
“Se nós vemos cair cinza aqui na vila, podemos imaginar como é mais perto do fogo e como o vento pode projetar restos de vegetação ainda a arder para outras zonas e causar reacendimentos”, acrescentou.
O incêndio está ativo desde sexta-feira em Monchique e obrigou as autoridades a retirar hoje à tarde pessoas de uma zona próxima da Portela do Vento, por “precaução”, disse fonte da Proteção Civil, sem determinar o número exato de deslocados.
Os bombeiros estão a ter o trabalho dificultado pelo relevo acidentado do terreno, com encostas íngremes e vales profundos, pelas elevadas temperaturas e pela baixa humidade, assim como pelo vento.
O incêndio conta com duas frentes preocupantes, uma delas em direção à vila algarvia e sem acesso para meios de combate, disse o Comandante Distrital de Operações de Socorro de Faro, Vítor Vaz Pinto, no ponto de situação que as autoridades fizeram ao final da manhã.
O comandante distrital de Faro quantificou também em mais de 100 pessoas as pessoas que tiveram de ser retiradas das suas residências, em 15 lugares dos concelhos de Monchique e Odemira, concelho do distrito de Beja também afetado pelo incêndio.
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