“Apelamos a todos os grupos parlamentares para que, em conjunto”, trabalhem na “criação de condições para que uma tragédia como os incêndios” de outubro do ano passado, em Portugal, “nunca mais voltem a acontecer”, disse o presidente da Associação, Luís Lagos, depois de ter participado numa audição na Assembleia da República.

No combate aos incêndios de outubro de 2017 “falharam medidas básicas” e as populações das regiões “ficaram entregues à sua sorte”, sustentou Luís Lagos, que falava à agência Lusa, hoje, depois de, com outros dirigentes da AVMISP, ter participado, em conjunto com Comissão de Agricultura e Mar, numa audição parlamentar requerida pelo PSD.

Durante a audição, na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, realizada no âmbito do Relatório da Comissão Técnica Independente (CTI) sobre a ‘Avaliação dos incêndios ocorridos entre 14 e 16 de outubro de 2017 em Portugal Continental’, a AVMISP também se afirmou contra a “falta de apoios” às vítimas dos fogos, particularmente no setor da agricultura.

“Os apoios [anunciados] para a reconstrução da agricultura são ilusórios”, sustentou Luís Lagos, sublinhando que a tutela “fala de apoios de 50% e de 35%”, mas, “na realidade, a taxa média de apoio [aos agricultores afetados pelos incêndios] é de 30 a 35%”.

Qualquer empresa, em Lisboa ou noutro qualquer ponto do país, que não tenha sido atingida pelos fogos, “consegue, com benefícios fiscais”, uma “taxa de comparticipação da ordem dos 30 a 35%”, acrescentou.

O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, anunciou comparticipações de 100% por ovelha (perdida no incêndio), considerando que ela custa 60 euros, quando na verdade custa o dobro, afirmou Luís Lagos, o que significa que a taxa de comparticipação baixa, desde logo, para 50%, exemplificou o presidente da Associação.

Os incêndios de outubro de 2017 na região Centro provocaram a morte de 49 pessoas e ferimentos em cerca de 70 outras e destruíram total ou parcialmente cerca de 1.500 casas e mais de 500 empresas.

Atingindo mais de 220 mil hectares de território na região Centro – área correspondente a quase metade do total de território nacional afetado pelas chamas durante todo o ano de 2017 –, de acordo com o relatório da CTI, os fogos causaram danos na agricultura que ascendem a “algumas dezenas de milhões de euros”, tendo pelo menos mais de nove mil agricultores manifestado prejuízos.