Os empresários dos concelhos da região Centro devastados pelos fogos, nos dias 15 e 16, “já se sentiam portugueses de segunda por desenvolverem a sua atividade em territórios de baixa densidade, com dificuldade de acesso aos centros de decisão, com parcas vias de acesso”, afirma a AVMISP em comunicado.
Os mesmos empresários, segundo a associação, “agora percebem que, perante esta tragédia, de que não tiveram culpa e que resulta da incúria do Estado e sucessivos governos, ainda merecem menos apoio do que aquele que foi atribuído às empresas afetadas pelos incêndios de Pedrógão”, que eclodiu nos concelhos de Pedrógão Grande e Góis.
“Não obstante a demora para ações que se querem e exigem urgentes, fruto do dramatismo e ansiedade vividos no terreno por empresas e trabalhadores, o Governo apresenta medidas que acabam, numa primeira análise, de qualificar os empresários das regiões afetadas pela destruição dos incêndios, nos dias 15 e 16 de outubro, como portugueses de terceira”, refere.
A associação, presidida pelo empresário Luís Lagos, de Oliveira do Hospital, realça que, “se em Pedrógão todas as empresas afetadas mereceram uma ajuda do Estado de 85% a fundo perdido para a sua recuperação, agora, perante tragédia que ainda foi maior em destruição material, de atividade económica e de emprego, o mesmo Estado, o mesmo Governo, só atribui uma ajuda de 70% quando o dano é superior a 200 mil euros”.
“Não entendemos o abandono a que estávamos sujeitos antes da tragédia. Não percebemos o abandono a que estivemos sujeitos durante o fogo. Não aceitamos ser tratados como portugueses de terceira, quando perante catástrofe, infelizmente, ainda maior que a de Pedrógão, acabamos por obter menos ajuda, menos apoio à reconstrução das empresas, do emprego e da região”, lamenta.
Para a AVMISP, com sede em Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, os empresários lesados não devem “permitir tamanha injustiça” ao nível dos apoios públicos à recuperação da economia e do emprego nos vários municípios atingidos pela tragédia de há três semanas.
“Se fosse para salvar um banco, a classe política mobilizar-se-ia a 100%. São esses mesmos 100% de mobilização que exigimos ao Governo e a todos os partidos políticos, para que possamos repor alguma justiça na presente situação”, exige.
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