Hoje reunidos em Conselho Geral, a Associação e o Sindicato divulgaram em comunicado uma posição na qual acusam o Governo de afinal não ter “a tal confiança nos operacionais no terreno” de que “tanto se falou no decorrer dos incêndios”.

A comissão técnica independente que vai analisar os incêndios na região centro ocorridos em junho, e dos quais resultaram 64 mortos, foi apresentada na segunda-feira e é presidida por João Guerreiro, antigo reitor da Universidade do Algarve.

A comissão entra hoje em funções e tem dois meses para chegar a conclusões.

No comunicado a Associação e o Sindicato não questionam a idoneidade dos académicos escolhidos e lembra que a eles se juntam técnicos indicados pelos partidos, sem que nenhum deles represente os bombeiros.

“Ou seja, não foi dada voz aos que combatem os incêndios no terreno e assistem, na primeira pessoa, ao desenrolar dos acontecimentos no teatro das operações”, sendo que o único representante dos bombeiros é um antigo comandante nacional, “que foi afastado do cargo pelo atual Governo”.

E acrescentam as duas estruturas: “Além de caricata, esta opção denuncia que a Assembleia da República não reconhece legitimidade aos bombeiros para ajudarem a contribuir para a solução deste grave problema”.

Ao deixar de fora os que efetivamente combatem os incêndios, o Governo “reduz os bombeiros aos homens e mulheres que se limitam a enfrentar as chamas, segundo as regras que os outros ditam, mas arriscando a sua vida”.

É preciso mudar este paradigma – diz-se no documento – de criar comissões com técnicos que pouco ou nada conhecem de situações operacionais, porque assim se corre o risco de nenhuma das conclusões ser aplicável no terreno.

A Associação e o Sindicato recordam de resto um relatório aos incêndios de 2014, no qual se detalharam percursos para atingir metas e se aprovaram recomendações, por unanimidade, na Assembleia da República. “Nem o Governo nem a Assembleia da República conseguiram aplicar ou fazer cumprir qualquer uma das recomendações”.