António Costa falava aos jornalistas na Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), em Carnaxide, Oeiras, tendo ao seu lado o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, após uma reunião de trabalho sobre a preparação do dispositivo especial de combate aos incêndios.

Interrogado sobre os meios aéreos que estarão disponíveis para o combate no próximo verão, o líder do executivo respondeu: "Há uma coisa que gostaria de deixar claro, é que pode ser que as autoridades reguladoras e judiciais não ajam atempadamente para desfazer os cartéis que querem capturar o Estado".

"Mas o Estado não será capturado e teremos os meios aéreos a tempo e horas custe a quem custar - e vai custar, porque não é possível nem aceitável que alguém queira transformar a segurança das populações numa ameaça ao Estado", declarou.

Neste contexto, António Costa defendeu que o seu Governo tem adotadas medidas para que todo o dispositivo esteja preparado em breve para o combate aos incêndios florestais.

Interrogado se o Governo está a encontrar resistências no processo de aquisição de mais meios aéreos, o primeiro-ministro sustentou que "é manifestamente evidente que há uma ação concertada por parte das empresas tendo em vista especular à custa da ameaça de risco de incêndio".

"Este comportamento é inaceitável do ponto de vista comercial, espera-se que as autoridades competentes atuem em conformidade e o Governo não se deixará capturar. Portanto, asseguraremos os meios, salvaguardando e protegendo também o dinheiro público, que é aquilo que nos compete fazer", vincou.

Mas o primeiro-ministro deixou ainda mais uma mensagem dirigida às empresas comerciais de meios aéreos: "Se essas entidades julgam que capturam o Estado, estão muito enganadas, porque o Estado vai ter os meios necessários com elas ou sem elas", declarou.

No final de uma reunião que durou cerca de duas horas e com a presença de comandantes nacionais e distritais, o líder do executivo disse também que, a par da prevenção estrutural dos incêndios, as principais preocupações do Governo, na atual conjuntura, incidem sobre a proteção das populações e sobre a preparação do dispositivo de combate aos incêndios.

"O trabalho de preparação do dispositivo tem vindo a ser feito pela ANPC, visando alcançar a maior eficácia possível em situações de risco de incêndio. Temos de ter um verão de 2018 que não repita o do ano passado e, para isso, é preciso a colaboração de todos", completou António Costa, numa alusão às tarefas de limpeza de matas, entre outras medidas de proteção.

Já o ministro da Administração Interna afirmou que este ano a organização do dispositivo de combate aos incêndios corresponde à avaliação feita pela comissão técnica independente nomeada pelo parlamento para os fogos de Pedrógão Grande e de outubro de 2017, mas também ao "trabalho intenso da ANPC".

"Haverá uma articulação inovadora com o Instituto da Conservação da Natureza, com as Forças Armadas, com o Instituto Português de Meteorologia (IPMA) e com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). Será reforçada a cooperação, quer a nível nacional, quer regional, com as estruturas dos bombeiros", advogou Eduardo Cabrita.

De acordo com o ministro da Administração Interna, na sequência da reunião da próxima semana do Conselho Nacional da Proteção, será então apreciada a versão final da diretiva operacional.

"Será aprovada mais cedo do que em qualquer dos últimos anos, mas beneficiará já de haver uma diretiva operacional única (que foi publicada em 01 de março) e uma revisão do sistema de operações. Embora sem antecipar aquilo que ao Conselho de Proteção Civil cabe ainda pronunciar-se, confirmo que passaremos a ter um dispositivo permanente particularmente reforçado relativamente ao que existia e que antes se denominava por fases", defendeu o membro do Governo.

Eduardo Cabrita adiantou que passará a existir "um dispositivo de reforço que intervirá nos momentos que estão identificados como potencialmente de maior risco".

Esse dispositivo, acrescentou, "terá sobretudo a agilidade para ser mobilizado em prontidão num prazo curto sempre que existirem indicações meteorológicas com antecedência" que apontem para a necessidade de uma mobilização adicional de meios.