"A confiança está destruída e continuará destruída enquanto o senhor primeiro-ministro não tiver uma palavra política sobre esta matéria", acusou Assunção Cristas, no parlamento, no debate quinzenal com o primeiro-ministro.

De acordo com a líder centrista, "haverá muito tempo para esclarecer tudo, mas o que os portugueses não podem assistir hoje é a vários serviços, vários deles na alçada do mesmo Ministério da Administração Interna, a dizerem coisas diferentes, incompatíveis entre si, e ter o silêncio político do Governo".

"Não há ninguém no Governo que ponha ordem na casa? Não há ninguém que diga às pessoas que, se não têm uma resposta consensual e definitiva, então que estejam calados, porque isto destrói a confiança nas instituições?", perguntou.

Sem nunca especificar o alcance da responsabilidade política que exige ao executivo, Assunção Cristas iniciou a sua intervenção afirmando que, passado o período de luto, há uma "pergunta política": "Como é que foi possível acontecer esta tragédia?"

O primeiro-ministro respondeu que "essa não é uma pergunta política, é a pergunta que qualquer pessoa faz", e insistiu na necessidade de aguardar os estudos acerca das diversas matérias em causa, antes de "dar palpites", sublinhando que "ninguém quer respostas precipitadas".

António Costa afirmou ainda que ninguém terá mais curiosidade do que ele em apurar essas respostas.

Cristas pegou nestas palavras para atacar o primeiro-ministro, argumentando que "curiosidade não é algo que um primeiro-ministro tenha, um primeiro-ministro tem de ter responsabilidade, responsabilidade para perguntar aos seus serviços, da sua administração, e exigir explicações".

Na sua interação com António Costa no debate quinzenal, Assunção Cristas disse também que o primeiro-ministro parecia não ter noção da natureza das suas funções, numa referência a uma necessidade de coordenação política que, considerou, não está a ser realizada quando diferentes entidades apresentam versões e explicações distintas.

O primeiro-ministro respondeu que o Governo não pode esconder o que é respondido pelas diversas entidades, tendo um dever de transparência e que, por isso, tem publicado no sítio da internet do executivo os vários relatórios enviados.

"Se há forma de dar confiança ao país é o Governo não mandar calar nem esconder aquilo que ouve", declarou António Costa.

Assunção Cristas condenou, por seu turno, o que considerou ser "o espetáculo de um falhanço de coordenação, que hoje se percebe que existe".

"Tanto se percebe que existe que agora temos as várias entidades cada uma a chutar para seu canto, sem haver uma voz por cima que as mande calar ou arbitre", defendeu.

Aludindo a uma destruição da confiança dos cidadãos, Cristas perguntou: "O senhor primeiro-ministro tem noção de que estamos à beira das férias, que há muitas famílias com crianças a irem para campos de férias, escuteiros ou outros, para as nossas florestas, e que neste momento têm medo de deixar as suas crianças ir?".

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