"Amanhã [sábado] decorrem duas semanas sobre este incêndio gravíssimo, sem precedentes na nossa história (...) e nós continuamos à espera de que o Governo ponha ordem na sua casa e que dê uma explicação e uma justificação política para estas questões", afirmou.

Assunção Cristas falava na Covilhã, distrito de Castelo Branco, à chegada ao jantar de apresentação da candidatura de Adolfo Mesquita Nunes à autarquia local.

A líder dos centristas admitiu que há questões que levam o seu tempo, como o apuramento "dos aspetos mais técnicos", mas salientou que o "aspeto de responsabilidade política" não pode ficar sem resposta imediata.

"O silêncio do Governo, do ponto de vista das responsabilidades políticas, começa a ser ensurdecedor", disse.

Quando questionada sobre se considera que há pessoas que deveriam ser afastadas dos respetivos cargos, lembrou que essa competência é do primeiro-ministro

Assunção Cristas criticou ainda o facto de diariamente estarem a sair notícias com versões distintas, com organismos que se "digladiam na esfera pública", considerando ainda mais grave que muitos desses organismos estejam na dependência do mesmo ministério.

"E não há uma palavra que diga, ao menos, se não conseguem ter uma versão coincidente, então não façam ruído", declarou, frisando que o país dispensa o que classificou como "cacofonia".

Assunção Cristas mostrou-se ainda preocupada com o pedido de uma auditoria ao Instituto das Telecomunicações por se verificar que "há uma coincidência entre a constituição desta entidade e aqueles que pertencem ao próprio SIRESP".

"O pior que podíamos ter era, a dada altura, vir um relatório e haver a dúvida sobre se afinal o investigado não está também a ser parte da investigação e a ser investigador ao mesmo tempo", acrescentou.

Sobre esse aspeto, frisou que o CDS já enviou uma pergunta à ministra da Administração Interna no sentido de também essa questão ser esclarecida.

Os incêndios que deflagraram na região Centro no dia 17, provocaram 64 mortos e mais de 200 feridos, e só foram dados como extintos no sábado passado.

Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.

A área destruída por estes incêndios - iniciados em Pedrógão Grande, no distrito de Leira, e em Góis, no distrito de Coimbra - corresponde a praticamente um terço da área ardida em Portugal em 2016, que totalizou 154.944 hectares, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna divulgado pelo Governo em março.