De acordo com os dados hoje apresentados do Relatório de Atividades do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais de 2022, este foi um ano de seca, “com 60 dias nas piores classes de meteorologia”, havendo registo de 10.389 incêndios.
“A redução do número de ocorrências consolida uma tendência iniciada em 2018, tendo sido de 46% face à média 2010-2019”, lê-se no documento.
No entanto, o mesmo número significa um aumento de 26% face a 2021 “devido ao acréscimo de ocorrências de fogos de renovação de pastagens na primavera”.
Na apresentação do documento, o presidente da Agência para a Gestão Integrada dos Fogos Rurais (AGIF), responsável por coordenar e supervisionar a estratégia inscrita no Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, salientou que nos últimos cinco anos, entre 2018 e 2022, o país conseguiu “evitar um desastre”.
“Zero vítimas fatais civis diretas dos incêndios, uma redução para metade do número de incêndios, incluindo nos dias de pior meteorologia, a área ardida reduziu-se para um terço da média histórica”, disse Tiago de Oliveira.
Na opinião do responsável, isso deveu-se não à redução do uso do fogo nos meses de verão, mas também ao reforço dos meios humanos e materiais.
Adiantou que nos últimos cinco anos baixou também o número de incêndios com mais de 500 hectares.
“Em 2022, 70% da área ardida foi causada por 29 incêndios, que tiveram mais de 500 hectares, quando habitualmente eram acerca de 40 a 50 incêndios que tinham mais de 500 hectares e este número reduziu-se”, apontou.
Acrescentou que a média histórica de área ardida reduziu para um terço, uma vez que rondava 3% do território nacional e agora está em 1%.
“Fruto deste esforço dos últimos 5 anos, observámos que 33% dos recursos humanos dedicados à prevenção e ao combate aumentaram 39% dos quais recursos terrestres e 23% dos recursos aéreos”, apontou o responsável, acrescentando que no ano passado o país investiu 62% do orçamento em prevenção contra 20% em 2017.
Tiago de Oliveira defendeu, por isso, que “o caminho está a ser feito”, mas tem de ser acelerado para que seja possível “evitar de facto um desastre”.
“Este desastre é garantir que Portugal não arde da forma que ardeu em 2017 e não resultam em perdas de vidas que tivemos”, sublinhou.
Adiantou que o objetivo para o futuro passa por manter uma média anual de área ardida nos 60 mil hectares, apoiar uma gestão ativa dos recursos florestais, melhor regulação desses mesmos recursos, mais hectares geridos de forma sustentável e, sobretudo, conseguindo “reduzir para 80% o número de incêndios”, ou seja, cerca de 5 mil incêndios por ano.
“O que é desejável é que nós consigamos manter este sentido de urgência, manter a aposta da prevenção, não a cair na armadilha do combate”, defendeu, apesar de admitir que “os recursos de combate são sempre relevantes”.
No âmbito do Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, defendeu “uma discussão sobre o propósito da floresta, sobre o sentido da propriedade e a questão do regime sucessório e também sobre a partilha dos benefícios entre quem produz madeira.
Tiago de Oliveira disse ainda que quer continuar “a chamar todos os portugueses”, porque trata-se de um “desafio coletivo” no sentido de melhor gerir a floresta e proteger melhor as pessoas.
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