Em declarações à agência Lusa, Fernando Ruas lembrou que “há cinco ou seis anos”, quando estava no seu último mandato, a ANMP propôs, ao Governo, realizar o cadastro rural.

“Propusemos ser a associação a fazê-lo, naturalmente desde que o Estado assegurasse as verbas, e fomos colher a experiência espanhola”, recordou o também ex-presidente da Câmara de Viseu e atual deputado do Parlamento Europeu.

Segundo Fernando Ruas, a ideia não teve acolhimento, com o argumento de que “demorava imenso tempo” fazer esse cadastro.

“Eu e o secretário-geral de então, já falecido, fomos inclusivamente a Espanha ver o exemplo espanhol. O cadastro foi feito num instante, em tempo muito inferior àquele que nos era apontado e dado como grande obstáculo”, recordou.

Em Espanha, a informação que recolheram foi a de que o cadastro tinha sido feito em menos de um ano e, portanto, “nem era nada que demorasse assim tanto tempo”, acrescentou.

Na opinião do deputado do Parlamento Europeu, o cadastro rural seria “um ganho que podia ser o fermento para tomar decisões”.

“Não há ninguém que decida bem sobre aquilo que não conhece”, frisou.

Esta semana, assim que regressou a Bruxelas depois dos incêndios que atingiram vários concelhos da região Centro, Fernando Ruas requereu a realização de um plenário onde serão debatidos este e outros assuntos relacionados com a valorização do território.

“Logo na terça-feira de manhã pedi na Comissão de Desenvolvimento Regional e, no mesmo dia, o meu colega José Manuel Fernandes pediu na Comissão dos Orçamentos. Conseguimos que as duas comissões aprovassem o pedido de um debate de urgência no plenário para se discutirem muitas coisas, não só esta questão dos incêndios, mas a valorização do território”, explicou.

Segundo Fernando Ruas, o pedido foi aprovado e depois o Grupo do Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos), a que pertence, “fez um requerimento ao presidente do Parlamento Europeu que já autorizou”, ocorrendo o debate no plenário do início de julho, em Estrasburgo.

Dois grandes incêndios deflagraram no sábado na região Centro, provocando 64 mortos e mais de 200 feridos, tendo obrigado à mobilização de mais de dois milhares de operacionais.

Estes incêndios, que deflagraram nos concelhos de Pedrógão Grande e Góis, consumiram um total de cerca de 50 mil hectares de floresta [o equivalente a 50 mil campos de futebol] e obrigaram à evacuação de dezenas de aldeias.

O fogo que deflagrou em Escalos Fundeiros, em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, alastrou a Figueiró dos Vinhos e a Castanheira de Pera, fazendo 64 mortos e mais de 200 feridos.

As chamas chegaram ainda aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra, mas o fogo foi dado como dominado na quarta-feira à tarde.

O incêndio que teve início no concelho de Góis, no distrito de Coimbra, atingiu também Arganil e Pampilhosa da Serra, sem fazer vítimas mortais. Ficou dominado na manhã de quinta-feira.