“Mais de 50% dos incêndios que ocorreram até agora tiveram nas suas origens, nas suas causas, de acordo com as avaliações que têm vindo a ser feitas, negligência, ou seja, […] comportamentos que não respeitaram os padrões de exigência e de responsabilidade que têm vindo a ser estabelecidos” por parte da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), disse José Luís Carneiro, em conferência de imprensa.
Na conferência de imprensa, realizada na sede da ANEPC, em Carnaxide, no concelho de Oeiras (Lisboa), o ministro da Administração Interna adiantou também que o Governo decidiu declarar a situação de contingência entre segunda e sexta-feira perante a previsão de agravamento das condições meteorológicas associadas a um elevado risco de incêndio, com a conjugação de fatores como a seca que se vive no país, níveis de humidade muito baixos e previsão de ventos de várias orientações, além de noites muito quentes.
O ministro insistiu várias vezes que “o mais importante de tudo” o que pode transmitir “a todas e a todos os portugueses” tem a ver com os comportamentos e com a necessidade de atitudes e de comportamentos responsáveis.
“Não usar o fogo e não usar máquinas nos trabalhos agrícolas ou florestais é o mais importante contributo que podem dar aos bombeiros portugueses e que podem dar para a nossa segurança coletiva”, reiterou.
José Luís Carneiro lembrou que existem também causas de origem criminosa, adiantando que este ano já se registaram 47 detenções por crimes relacionados com o fogo, enquanto no mesmo período do ano passado tinham sido apenas 29 os detidos.
Além disso, no ano passado, por esta altura, estavam identificados 356 suspeitos, enquanto este ano, até agora, há 518 suspeitos, disse, sublinhando que “as autoridades estão a cumprir os seus deveres de fiscalização”.
Uma hora antes da conferência de imprensa do ministro da Administração Interna, também na sede da ANEPC, o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil manifestou preocupação com os incêndios florestais em curso nos distritos de Bragança, Santarém e Leiria, alertando que as previsões meteorológicas para a noite não são favoráveis ao combate às chamas.
“A situação meteorológica expectável para a noite não nos deixa muita margem de manobra […]. Estamos a falar uma noite com vento com alguma intensidade do quadrante Leste, humidades relativas muito baixas e a temperatura mínima acima dos 25°, o que não vai facilitar o combate”, alertou André Fernandes.
Segundo o responsável, o país registou nas últimas 24 horas um total de 125 incêndios, pelo que já ultrapassou o recorde que tinha sido anunciado hoje ao meio dia, de 121 ocorrências.
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