“É de facto muito preocupante. Mesmo considerando que somos um concelho muito extenso, com 800 quilómetros quadrados de superfície, e que 80% do território é baldio e espaço florestal, a verdade é que nada justifica que estejamos no primeiro lugar deste ranking”, afirmou o presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves.

Segundo dados do relatório nacional provisório de incêndios rurais, em Montalegre (distrito de Vila Real) foram contabilizadas 61 ocorrências entre 1 de janeiro e terça-feira (26 de fevereiro), que resultaram em 161 hectares de área ardida, sendo este o concelho do país com maior número de ocorrências e de área ardida.

Em segundo lugar está Castro Daire (distrito de Viseu), com 48 ocorrências e 120 hectares queimados.

A nível de distritos, Vila Real registou 145 incêndios, Viseu 143 e Braga 116.

“É tudo fruto da ação do homem”, afirmou Orlando Alves.

O autarca lembrou os “contornos sociológicos” que envolvem o município, onde a população “é envelhecida, tem uma ligação profunda à terra e usa o fogo para a renovação de pastagens ou para a queima de sobrantes”.

“À falta de forças, muitas vezes avança o fósforo, que se condena, e aqui está um pouco também a explicação para este posicionamento do concelho”, frisou.

David Teixeira, vice-presidente e comandante dos bombeiros de Montalegre, referiu que, só na terça-feira, foram contabilizadas dez ocorrências no município.

“Isto torna o combate impraticável e impossível e temos que ter a noção que estamos numa época em que o combate é feito por voluntários”, salientou.

O responsável elencou as alterações climáticas que se fazem sentir e que estão a alterar os hábitos das pessoas e disse que a “renovação de pastos está a ser feita de forma individual e não com a coordenação de meios que é preciso”.

Neste sentido, adiantou que a câmara está a trabalhar num novo regulamento para queimas e queimadas, que vai envolver os pastores.

O comandante dos bombeiros de Salto (Montalegre), Hernâni Carvalho, disse que na terça-feira a sua corporação combateu três fogos rurais e referiu que as ocorrências que se têm verificado “têm obrigado a uma mobilização considerável de operacionais”, numa altura “em que o dispositivo disponível é mais reduzido”.

O responsável frisou ainda que “o empenhamento de meios é esmagadoramente de bombeiros voluntários”. Esta semana, têm-se verificado na região dias de sol e de aumento de temperaturas.

“A causa será sempre a mesma, a mão humana por detrás disto, seja negligente ou de forma intencional, o que é certo é que continuamos com um uso descontrolado e abusivo do fogo”, salientou.

O presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves, defendeu que é precisa “muita sensibilização e formação” para “combater este flagelo”.

Os responsáveis falavam à comunicação social no início da operação “Floresta Segura”, que vai ser desenvolvida pela GNR até ao dia 7 de março neste concelho.

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