Em declarações à agência Lusa, Fernando Tavares Pereira, dirigente do MAAVIM, explicou que “houve promessas feitas, mas muita falta de verdade” por parte dos responsáveis do Governo que “estão a falhar naquilo que prometeram”.

“Viemos hoje aqui à Assembleia da República, pela quarta vez, para ver se os ministros se dedicam com respeito e com responsabilidade à região, uma vez que, hoje, está pior do que antes dos incêndios”, disse Fernando Tavares Pereira.

O responsável refere que “algumas coisas foram feitas na região”, mas, no entanto, “há muito por fazer”, lembrando que a região está a passar “uma crise muito grande na agricultura, floresta e até a nível familiar”, pois as promessas não foram cumpridas.

Antes de entrarem para a audiência na Comissão Parlamentar de Agricultura e Mar, em Lisboa, o responsável do MAAVIM adiantou ainda que pretendem que a Assembleia da República “exija aos diversos ministérios, a abertura/reabertura das candidaturas à habitação, agricultura, florestas e demais apoios de auxílio para quem tudo perdeu”.

De acordo com Fernando Tavares Pereira, das cerca de 2.000 casas de primeira habitação ardidas só estão aprovadas 798, dos mais de 1.311 pedidos efetuados pelas famílias. O responsável lembrou ainda que lhe chegam relatos de muitas habitações chumbadas “sem comunicarem aos seus proprietários as decisões” e ainda que estão a ser entregues habitações “sem eletricidade, comunicações, água e esgotos”.

No documento que entregaram na Comissão, os responsáveis do MAAVIM fizeram uma exposição dos problemas existentes ainda nos 28 concelhos afetados pelos incêndios de 15 e 16 de outubro de 2017.

Entre os vários problemas, denunciam o facto de muitas famílias que vivem ainda “no dia de hoje em rulotes, tendas, garagens, casas emprestadas, improvisadas, sem qualquer esperança de virem a ter o seu lar que perderam nesses incêndios”.

Fernando Tavares Pereira adiantou ainda à Lusa que muitos lesados “faleceram à espera de terem a sua habitação”, frisando que “outros casos poderão acontecer tendo em conta que muitos dos pedidos não saíram da secretaria”.

“Existem muitos danos psicológicos na população afetada por terem ficado ao abandono e sem nada”, acusou.

O responsável do MAAVIM queixou-se ainda do tratamento dado aos lesados dos incêndios de outubro, reclamando ser diferente daquele que foi dado pelos governantes aos lesados dos fogos de Pedrógão Grande, em junho do mesmo ano.

“Os prazos das candidaturas aos apoios foram completamente diferentes. E muitas pessoas que tiveram prejuízos quer nas casas, quer na agricultura ou na floresta, tendo perdido tudo ou parte dos bens, e sem comunicações, perderam as candidaturas”, afirmou, lembrando que já pediram a alteração dos prazos aos concursos das outras vezes que se deslocaram à Assembleia da República.

Fernando Tavares Pereira lembra ainda que se perderam 200.000 hectares de floresta, reconhecendo a necessidade de se “pensar o reordenamento florestal para os próximos 50 anos, com apoios para que se evitem catástrofes futuras”.

O responsável lamentou também que os lesados não tenham recebido respostas fundamentadas “para esclarecer os cortes efetuados nas candidaturas”, bem como as respostas às centenas de pedidos de esclarecimentos.

No documento hoje entregue, o movimento lembrou que, entretanto, terminaram os prazos para a apresentação dos prejuízos à Comissão para a Avaliação dos Pedidos de Indemnização (CPAPI), “que não foram explicados aos lesados e aos quais as entidades não passaram os documentos de condição de vítima exigidos”.

“Ora, como podem os lesados efetuar os pedidos de indemnização se os processos de candidatura a apoios ou não abriram ou ainda estão abertos, ou já encerraram e esperam decisão”, pode ler-se no documento.