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*Notícia atualizada às 18h27
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Depois de uma noite caótica em na Serra de Água, este domingo tem sido de intenso combate ao fogo, que segue com três frentes ativas, nas áreas do Curral das Freiras e Fajã das Galinhas, no concelho de Câmara de Lobos, e na Serra de Água. O fogo já obrigou a tirar de casa mais de 160 pessoas. Os centros de saúde foram reforçados, as estradas de acesso ao Paul da Serra encerradas e o vento obrigou a cancelar dezenas de partidas e chegadas no aeroporto da Madeira.
Mas é na Ribeira Brava, onde o fogo está a aproximar-se de habitações, que a situação está mais preocupante neste momento.
Em declarações à agência Lusa, Ricardo Nascimento, presidente da Câmara da Ribeira Brava, diz que o fogo “está mesmo próximo das habitações” na Serra de Água
“Estamos também apreensivos porque dá a sensação de que o lume se dirige para a zona da Furna, na freguesia da Ribeira Brava, a oeste da Serra de Água”, afirmou.
“A ideia é mesmo evacuar, tentar resolver os incêndios e a seguir, se tiver as condições normais, as pessoas voltarem às habitações”, reforçou.
Já a presidente da Junta de Freguesia da Serra da Água confirmou entretanto que as pessoas estão a ser retiradas das casas “por precaução”.
Albertina Ferreira, que tem estado no terreno e estava atarefada nesta ação, adiantou que esta tarde foram retiradas das suas habitações cerca de 20 pessoas, “sobretudo idosos e acamados” de diversos sítios da freguesia, nomeadamente do Pinheiro, Eira da Moura, Fajã dos Vinháticos.
A autarca realçou que a situação “piorou porque as montanhas estão ligadas umas às outras, o que permite a propagação do fogo” e o vento continua um fator que dificulta o combate ao incêndio.
A responsável indicou, contudo, que "o fogo ainda não estava a ameaçar casas".
Até à manhã de hoje não havia registo de habitações atingidas pelo incêndio, apenas palheiros ou “algum imóvel devoluto”, segundo o presidente da Câmara da Ribeira Brava, Ricardo Nascimento.
À Lusa, o autarca deu também conta de um outro incêndio que está ativo na zona do Lugar da Serra, na freguesia do Campanário, em área florestal, longe de habitações. Ricardo Nascimento diz que deverá tratar-se de um caso de fogo posto, independente do incêndio que lavra desde quarta-feira.
Estradas encerradas no acesso ao Paul da Serra
Entretanto, esta tarde o Governo da Madeira decidiu encerrar as estradas de acesso ao planalto do Paul da Serra, no concelho da Calheta, devido à aproximação do incêndio. Este é um dos locais mais procurados na ilha por visitantes e residentes, para lazer.
“Informo que foram encerrados ao trânsito os acessos ao Paul da Serra por estrada regional (ER)”, lê-se na informação divulgada à tarde pela Direção Regional de Estradas. Segundo a nota, estão encerradas a ER211 entre os sítios das Quebradas e do Lombinho, na freguesia da Ponta Delgada (concelho de São Vicente), a ER 105 nos troços centre a Porta da Vila e a Encumeada com o Paul da Serra, e a ER 209, que liga este planalto e a Ribeira da Janela (concelho do Porto Moniz).
Intransitáveis estão ainda as estradas regionais 209 e 210 - Malhadinha/Paul da Serra e a ligação Prazeres/Fonte do Bispo, respetivamente.
Até ao momento, pelo menos 160 pessoas foram retiradas das suas habitações devido ao incêndio.
Centros de Saúde reforçados
Os centros de saúde foram reforçados, estando “assegurados” todos os cuidados de saúde aos utentes afetados pelo incêndio que deflagrou na quarta-feira e se prolonga até hoje.
“O Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira informa que estão assegurados todos os cuidados de saúde aos utentes afetados pelo incêndio que deflagrou no passado dia 14 de agosto”, garantiu a instituição regional em comunicado. O Serviço de Saúde (Sesaram) acrescenta que os centros dos concelhos afetados foram reforçados com profissionais de saúde e estão a “funcionar em pleno”.
Segundo a nota, o Centro de Saúde do Curral das Freiras (CSCF), no concelho de Câmara de Lobos, foi aberto no sábado e manter-se-á em funcionamento “ininterruptamente” até segunda-feira, dia em que retoma o seu horário de funcionamento normal. O CSCF recebeu, desde esta abertura, 21 atendimentos e realizou duas transferências para o Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal.
O Serviço de Atendimento Urgente (SAU) do Centro de Saúde da Ribeira Brava recebeu no sábado e hoje oito utentes com mobilidade reduzida e três utentes relacionados com o incêndio.
Por outro lado, no SAU do Centro de Saúde de Câmara de Lobos deram hoje entrada dois utentes.
“O Hospital Dr. Nélio Mendonça está capacitado e reforçado com os meios técnicos e os recursos humanos necessários, para dar resposta as situações urgentes e emergentes”, sublinha o Sesaram.
Dada a complexidade da situação foram ativadas várias equipas, afirma este serviço, que termina o comunicado com um agradecimento ao “trabalho excecional que tem sido realizado por todos os profissionais de Saúde”.
Tráfego aéreo condicionado
O vento está também a condicionar o tráfego aéreo e levou ao cancelamento de oito chegadas e sete partidas no aeroporto da Madeira entre as 11:00 e as 16:40 de hoje.
Segundo as informações disponíveis na página oficial do Aeroporto Cristiano Ronaldo, na ilha da Madeira, sete partidas com Lisboa, Porto e Londres foram canceladas, havendo já a indicação disponível de mais sete cancelamentos até ao final do dia.
Quanto a chegadas, entre as 11:00 e as 16:40 oito voos não aterraram no Funchal, com mais sete cancelamentos anunciados até ao final do dia.
Há ainda informação sobre diversos voos com novos horários de partidas e chegadas.
Desde as 11:00 de hoje aterraram seis voos no Funchal e partiram outros cinco. Até às 10:00 nenhum voo tinha conseguido descolar ou aterrar no Aeroporto Internacional Cristiano Ronaldo.
O movimento no aeroporto está condicionado desde o final da tarde de sábado.
Recorde-se que a Madeira está a ser atingida por um grande incêndio que deflagrou na manhã de quarta-feira na Serra de Água, concelho da Ribeira Brava, numa zona de difícil acesso, e alastrou depois ao município vizinho de Câmara de Lobos.
As chamas estão a ser combatidas por 120 operacionais de todos os corpos de bombeiros da região, apoiados por 43 veículos e pelo meio aéreo do arquipélago, sendo que a região conta ainda, a partir de hoje, com o apoio dos 76 elementos da força conjunta da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
O Plano Regional de Emergência de Proteção Civil da Região Autónoma da Madeira (PREPCRAM) foi ativado para responder “à gravidade da situação vivenciada”.
Todas as áreas da Madeira estão sob aviso laranja do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) para tempo quente, enquanto a ilha do Porto Santo está com o nível amarelo.
O aviso amarelo, o menos grave de uma escala de três, é emitido pelo IPMA sempre que existe uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica, enquanto o aviso laranja (o segundo nível) é emitido quando existe situação meteorológica de risco moderado a elevado.
*Com Lusa
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