“Da nossa parte tem havido um acompanhamento intenso, responsável e com sentido de Estado desde sempre destas matérias. O que lamentamos é que o Governo nem sempre tenha tido essa abordagem e essa postura, e, portanto, as palavras ficam com quem as disse”, afirmou Assunção Cristas.

A dirigente centrista falava aos jornalistas, nas Velas, Ilha de São Jorge, Açores, quando questionada sobre as declarações do primeiro-ministro, António Costa, que considerou hoje "absolutamente lamentável" o que aconteceu esta semana em termos de especulação e de aproveitamento político relativamente ao número de mortos na tragédia do incêndio de Pedrógão Grande.

Já sobre António Costa ter admitido que vão ocorrer mais fogos de grandes dimensões, Assunção Cristas reconheceu que estes têm “uma ligação direta com o clima e com as condições meteorológicas que em cada momento, em cada dia e em cada semana se fazem sentir no país”.

“O que sabemos também é que a causa dos incêndios maioritariamente é mão humana, seja negligente seja intencional, e há muito trabalho para fazer nessa área”, declarou, acrescentando que, “até agora”, não viu “nenhuma campanha de prevenção dos comportamentos negligentes, como tem havido todos os anos”.

Segundo Assunção Cristas, “este ano, essa campanha foi invisível”, defendendo ser ainda “oportuno fazer essa campanha, porque é preciso dizer às pessoas que, muitas vezes sem saberem, são causadoras de incêndios".

“O que eu gostava de ver era o Governo empenhado em tratar dessas matérias e empenhado também em ter uma coordenação operacional no combate aos fogos na Proteção Civil e nos bombeiros firme e consequente e nós não estamos a ver isso nestes incêndios”, lamentou.

Para a líder do CDS-PP, no caso dos incêndios de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, que provocaram 64 mortos, sentiu-se que “houve uma grande descoordenação no terreno”.

“Não esperávamos que continuássemos a sentir queixas dessa mesma descoordenação e queixas também de que agora já não é possível sequer comentar o que se está a passar, uma vez imposta a ‘lei da rolha’ por parte do Governo”, salientou Assunção Cristas, para quem o executivo socialista “não sabe lidar com situações sérias, difíceis e onde é preciso ter comando e autoridade”.

O primeiro-ministro considerou hoje que "a maior irresponsabilidade" seria assegurar que Portugal não vai voltar a ter incêndios de grandes dimensões, alertando que nenhum dispositivo o poderá evitar com o desordenamento da floresta e as condições meteorológicas.

"Nós voltamos a ter este incêndio [Mação] e vamos ter seguramente mais incêndios desta dimensão. Temos uma floresta particularmente desordenada”, disse António Costa aos jornalistas, depois de mais de uma hora e meia de reunião na Autoridade Nacional de Proteção Civil, em Carnaxide, para receber informação atualizada sobre os incêndios em Portugal.